SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) interceptou uma aeronave que atravessou a fronteira do Brasil com o Peru de forma ilegal nesta segunda-feira (22). Os aviões da FAB deram tiros de aviso, a aeronave clandestina aterrissou na água em Tefé (AM), e o piloto foi preso pela Polícia Federal.
Segundo a FAB, o avião suspeito foi detectado a partir do sistema de radares da Força. A partir disso, um turboélice A-29 Supertucano decolou e localizou a aeronave no ar, identificando que ela não tinha plano de voo nem inscrição de matrícula o que já caracteriza irregularidade.
O Supertucano fez tentativas contato via rádio com o avião clandestino, que não respondeu, ainda de acordo com a FAB. “Com a insistente falta de colaboração do piloto interceptado, foi aplicado o Tiro de Aviso (TAV), a fim de que fossem cumpridas as ordens da Defesa Aeroespacial”, informou a FAB, em nota. “Como a aeronave permaneceu irredutível, foi classificada como hostil e passou a ser objeto do Tiro de Detenção.”
O piloto da aeronave então manobrou e fez um pouso a cerca de 30 quilômetros a oeste da cidade de Tefé (AM), em uma região desabitada. A FAB usou um helicóptero para transportar policiais federais até o local. Imagens divulgadas mostram o avião dentro da água, com as rotas para cima
A suspeita é que o avião transportasse drogas. A FAB não informou, entretanto, se foram feitas buscas na aeronave submersa.
Esta foi a segunda interceptação de aeronave clandestina no Amazonas neste mês. No dia 10 de setembro, o piloto de um avião carregado com skunk uma variedade mais cara e potente da cannabis atirou a própria aeronave na represa de Balbina, próxima ao município de Presidente Figueiredo (AM), após ser perseguido por aviões da FAB.
Nesse caso, segundo a Aeronáutica, o bimotor havia entrado no espaço aéreo brasileiro sem autorização a partir da Venezuela.
As abordagens aéreas seguem regras estabelecidas em um decreto de 2004, assinado pelo presidente Lula (PT) em seu primeiro mandato, com foco em tráfico de drogas ou ameaça à segurança.
A lei afirma que o militar deve primeiro orientar, via rádio ou sinais virtuais, o piloto da aeronave suspeita a pousar em local determinado para ser submetido a medidas de controle no solo por autoridades policiais.
Se o alerta for ignorado, é autorizado disparo de aviso, “com munição traçante, pela aeronave interceptadora, de maneira que possam ser observados pela tripulação da aeronave interceptada, com o objetivo de persuadi-la a obedecer às ordens transmitidas”.
Em último caso, o piloto do avião militar pode disparar contra o alvo, que passa a ser considerado hostil.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, aviões e helicópteros da Força Aérea interceptaram, de janeiro de 2019 até julho de 2024, 4.020 aeronaves sem autorização para voar no espaço aéreo brasileiro ou que pudessem significar alguma ameaça à segurança pública.
Em 90 dessas operações houve a necessidade de disparos para que o piloto advertido pousasse ou mudasse sua rota para uma indicada.
Esses aviões suspeitos são na sua maioria usados para tráfico de drogas ou voam em áreas proibidas, como a Terra Indígena Yanomami, que teve seu espaço aéreo fechado em 2023, entre outros, por causa de ações contra o garimpo ilegal.