SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta terça-feira (23), que a última transição da presidência do Banco Central (BC) foi um período turbulento. Haddad disse que o processo de troca de comando, no qual Gabriel Galípolo substituiu Roberto Campos Neto, foi “muito complexo” e que a história completa dos problemas enfrentados virá à tona no futuro, quando os envolvidos puderem falar mais abertamente.
O ministro disse, durante entrevista ao ICL, que há espaço para queda da taxa de juros, já que a inflação deve ficar igual ou menor que a do ano passado e segue dentro do sistema de metas.
Haddad afirmou que, por dois anos, o governo teve que conviver com um presidente do Banco Central indicado pela gestão anterior, um período que ele considera excepcional.
O ministro destacou o cenário político polarizado que se instalou no país desde 2018 e disse que o que aconteceu no período entre abril e dezembro do ano passado “não foi ainda devidamente diagnosticado”.
Para o ministro, a transição ocorreu em meio a um contexto de crises “muitas vezes artificialmente construídas”, que o governo é obrigado a driblar semanalmente.
Haddad reconheceu que Galípolo assumiu o cargo durante uma “crise grande em dezembro” e demonstrou confiança na nova diretoria do BC.
MANIFESTAÇÕES CONTRA ANISTIA
O ministro defendeu a necessidade de punição às tentativas de golpe, rompendo com o que considera uma tradição brasileira de impunidade e disse que a resposta institucional deve vir já na fase da tentativa para evitar que o golpe se concretize.
“A história mostra que, quando não se pune, o golpista se reorganiza”, disse.
Haddad classificou como “em boa hora” a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) ao levar a julgamento generais e políticos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. “O país nunca teve a coragem de enfrentar esse problema”, afirmou.
Haddad também cobrou do Congresso uma revisão da proposta de anistia. “Não podemos ter cidadão de primeira e de segunda classe no tratamento das questões judiciais”, afirmou.