Da Redação

A um ano da eleição de 2026, os bastidores da política goiana estão em ebulição. Quatro blocos já se movimentam: o grupo governista, liderado pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o vice Daniel Vilela (MDB); a ala bolsonarista, capitaneada pelo senador Wilder Morais (PL); o grupo do ex-governador Marconi Perillo (PSDB); e o campo progressista, próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O favoritismo da gestão Caiado trouxe para dentro do governo uma quantidade expressiva de aliados, criando um “superbloco” com força eleitoral — mas também congestionado. Dentro da base, nomes de peso já disputam espaço para 2026: Delegado Waldir, presidente do Detran-GO; Bruno Peixoto, presidente da Assembleia Legislativa; Pedro Sales, presidente da Goinfra; além do ex-prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, e do deputado federal Célio Silveira. A deputada Silvye Alves (União Brasil), que anunciou intenção de deixar a legenda, também entra nessa equação incerta.

Outros parlamentares cogitam migrar para o grupo governista, como Daniel Agrobom (PL) e Lêda Borges (PSDB). Já Marussa Boldrin pode seguir o caminho inverso e trocar o MDB pelo PSDB de Marconi.

O dilema do “chapão”
Segundo o cientista político Lehninger Mota, da UFG, a disputa por espaço dentro da base caiadista é previsível. “Quando um governo é forte e visto como favorito, todos querem estar no mesmo barco. Isso já ocorreu nos tempos de Marconi Perillo”, observa.

O problema, no entanto, é matemático: não há vagas para todos. E a frustração de aliados tende a abrir caminho para a oposição. Wilder Morais, com apoio da direita bolsonarista, e Marconi, com sua experiência política, podem se beneficiar do excesso de nomes na base de Caiado.

Para Mota, é provável que o atual grupo governista encolha até as convenções partidárias. “É natural que parte dos que não encontrarem espaço busquem abrigo em outros projetos, seja com Wilder, seja com Marconi. Isso fortalece o contraponto a Daniel Vilela, mesmo ele estando na posição mais confortável no momento.”

O xadrez político goiano, portanto, já começou a se mover. E, se a base governista hoje parece ampla e poderosa, a superlotação pode acabar se transformando em sua maior fragilidade.