Da Redação
Mesmo proibido por lei, o trabalho infantil ainda marca a vida de milhares de crianças e adolescentes em Goiás. Em 2019, eram 61.562 jovens de 5 a 17 anos nessa situação, o que corresponde a 4,5% da população nessa faixa etária no estado — índice ligeiramente menor que a média nacional (4,8%). Em média, cada um deles dedicava 22 horas semanais ao trabalho.
O dado mais alarmante é que 40% estavam nas chamadas piores formas de trabalho infantil, segundo a lista TIP, somando quase 25 mil crianças e adolescentes. Entre os jovens de 14 a 17 anos, a informalidade é quase regra: 96,6% trabalhavam sem registro, o equivalente a mais de 52 mil pessoas.
Perfil dos trabalhadores mirins
O levantamento revela que o trabalho infantil é mais presente entre meninos (68%) do que entre meninas (32%). A maior concentração está entre os adolescentes de 16 e 17 anos (63%), mas há registros até mesmo entre crianças de 5 a 9 anos (2,6%).
A desigualdade racial também salta aos olhos: 72% dos que trabalham se declararam negros. E, embora o fenômeno seja mais frequente em áreas urbanas (80%), quase 12 mil crianças e adolescentes em zonas rurais também enfrentam jornadas precoces.
Onde eles atuam
Entre as ocupações mais comuns estão funções administrativas simples (8,5%), atividades de venda em lojas (5,5%) e serviços de mecânica (4,9%). Já nas tarefas práticas, destacam-se os serviços domésticos (8%), a criação de bovinos (7,9%) e a manutenção de veículos (6,3%).
Combate e proteção
De acordo com o Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil (Fepeti-GO), o enfrentamento passa por uma rede de ações que inclui fiscalização, acolhimento, acesso à educação e criação de oportunidades formais de trabalho para adolescentes. A ideia é unir órgãos públicos, serviços e sociedade civil em torno da erradicação dessa realidade.