SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Sabe aquele bordão que diz que, de vez em quando, o “feitiço vira contra o feiticeiro”? Foi o que ocorreu em América-RJ e Portuguesa-RJ, tradicionais times cariocas que protagonizaram a final da Copa Rio nos últimos dois finais de semana. Depois de torcedores do clube presidido por Romário bradarem que “portuguesa é pizza” na vitória de 1 a 0 na ida, a equipe da Ilha do Governador deu um saboroso troco: garantiu o título ao cravar 2 a 0 em casa e, de quebra, utilizou a iguaria italiana dentro do Estádio Luso-Brasileiro.
A PIZZA DA DISCÓRDIA
O ato de usar pizzas na decisão partiu do presidente da Portuguesa, Marcelo Barros, e do diretor de marketing do clube, André Oliveira. Os dois chegaram a um consenso durante uma reunião ocorrida ainda no meio da semana passada.
O Brazuca Bar, parceiro de longa data da Lusa, foi o único “elemento externo” a saber da ideia, que não vazou até o dia da final. Leandro Dias, proprietário do gastrobar (que também é pizzaria) localizado na Ilha do Governador, explicou à reportagem a missão do estabelecimento fundado em 2005.
“Temos uma parceria há tempos. Sempre fornecemos, no fim de cada jogo, pizzas aos jogadores para repor as energias -eles têm a recomendação de comer massa. Na parceria, a Portuguesa faz divulgações do Brazuca. Eu e o André estávamos fazendo a programação das pizzas quando falamos sobre a ideia de mostrar ao América que a Portuguesa não é pizza: é clube de tradição. No meio da conversa, falamos: ‘vamos, inclusive, entrar em campo com as pizzas se ganharmos'”, afirma Leandro Dias à reportagem.
A encomenda tradicional de 15 pizzas ganhou um incremento: seis unidades a mais, todas no sabor portuguesa. O objetivo era claro: fazer valer o futebol raiz na Copa Rio.
Uma delas, inclusive, mexeu até com a programação do Brazuca, que precisou “se virar nos 30” a partir de uma iniciativa do presidente.
“Neste jogo, pedi uma pizza às 16h. O Leandro precisou se virar e ter um pizzaiolo para que ela, às 17h40, estivesse na mão do presidente [o jogo começava às 18h]. Posteriormente, buscamos o restante das pizzas: as 15 normais e as cinco extras”, conta André.
Marcelo Barros não esperou o jogo acabar para exibir as pizzas. Pelo contrário: usou, na preleção, uma unidade para motivar os atletas com direito a mordidas e até amassos na iguaria, gerando a reação esperada imediatamente.
“Fiquei engasgado. A torcida do América sacaneou muito a gente. É do jogo, faz parte, mas a gente tinha que reagir e fazer o grupo ter confiança suficiente para levantar o troféu. Eu pensei em usar aquilo como uma ferramenta para motivar eles. Era pegar a pizza e mostrar que eles seriam engolidos se não houvesse atitude vencedora”, diz Marcelo à reportagem.
Deu certo: a Portuguesa, com direito a gol nos acréscimos, venceu por 2 a 0 e garantiu o título da Copa Rio. A conquista, aliás, deixou a equipe equipe confirmada na Série D em 2026.
O apito final concretizou a tão aguardada ideia: pizzas do Brazuca foram distribuídas, e os atletas fizeram a festa comendo os itens (no sabor portuguesa, é claro) dentro do Luso-Brasileiro.
Quando saiu o resultado, apareço no vídeo entregando as primeiras pizzas aos jogadores. Na hora, eles assimilaram, e isso fez com que o vídeo se tornasse viral.André Oliveira
“De alguma forma, conseguimos motivar eles. Ou a gente amassava eles ou seríamos engolido”, afirma Marcelo Barros.
“No final, deu tudo certo. Conseguimos ganhar no fim. Foi uma brincadeira sadia, com tudo tranquilo. Temos amigos no América também. Foi bom para o América, para a Portuguesa e para divulgar o futebol carioca, relembrando o futebol raiz”, diz Leandro.