BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) encaminhou nesta segunda-feira (22) denúncia à Justiça contra Matteos França, 32, suspeito de ter matado a mãe, a professora Soraya Tatiana Bomfim França, em Belo Horizonte.

A Promotoria denunciou o suspeito pelo crime de feminicídio com duas causas de aumento: morte por asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima. A ele também foram imputados os delitos de ocultação de cadáver e fraude processual.

A pena para o feminicídio varia de 20 a 40 anos de prisão e ela pode ser ampliada em um terço ou até a metade diante das duas causas de aumento apresentadas pelo MP-MG.

Agora, cabe à Justiça decidir se aceita ou não a denúncia para que o acusado vire réu pelo caso. Ele segue detido em um presídio de Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O processo corre sob segredo de Justiça, e a reportagem não conseguiu contato com a defesa do suspeito. No mês passado, o advogado instituído deixou o caso com a justificativa de conflitos éticos e morais.

De acordo com Claudio Barros, coordenador das promotorias de Justiça do Tribunal do Júri de Minas, o MP-MG apresentou denúncia de feminicídio porque o crime teria ocorrido na residência em que o filho e a mãe moravam.

“A vítima, segundo o consta do inquérito policial, era submetida a uma violência psicológica e patrimonial. Daí a possibilidade de concluir de forma muito serena de que se trata de um crime de feminicídio, porque é praticado contra a mulher nessas circunstâncias que apontam para uma violência doméstica no âmbito familiar”.

O corpo de Soraya França, 56, foi encontrado embaixo de um viaduto no dia 20 de julho em uma cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Ela era professora de história em um colégio particular na capital mineira.

O filho, Matteos, foi o responsável por procurar a polícia, no dia seguinte ao crime, para relatar o desaparecimento da mãe e chegou a ir em seu velório dias depois.

De acordo com a Polícia Civil, que prendeu o suspeito cinco dias após o corpo da vítima ter sido encontrado, ele afirmou em depoimento que matou a mãe após uma discussão causada por problemas financeiros -ele teria contraído dívidas em jogos de apostas na internet e empréstimos consignados.

A delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, responsável pela investigação do caso, afirmou que Matteos teria matado a mãe com um mata-leão após ter discutido com ela por dívidas que ele havia feito em apostas online.

A investigadora afirma que ele devia cerca de R$ 200 mil e alegou em depoimento ter tido um “surto” quando foi cobrado pela mãe por dívidas contraídas em nome dela.

A delegada e os promotores também afirmaram que o suspeito agiu com frieza.

“Apesar dos anos de experiência e de nos depararmos com fatos dos mais diversos que envolvem crimes dolosos contra a vida, [nos impressiona] realmente a ponto de uma pessoa executar a própria mãe no interior da residência e por asfixia. Além disso, logo depois, deslocar-se até outra cidade para participar de evento festivo, onde, segundo consta, ele teria agido aparentemente em condições de naturalidade”, disse Claudio Barros.