SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá reunir-se com líderes árabes e muçulmanos nesta terça-feira (23) para discutir o conflito na Faixa de Gaza. A secretária de Imprensa, Karoline Leavitt, anunciou a agenda nesta segunda-feira (22).

O encontro ocorrerá paralelamente à Assembleia-Geral das Nações Unidas e em meio a uma onda de pressão diplomática impulsionada por países ocidentais que passaram a reconhecer oficialmente o Estado da Palestina. O presidente americano convidou representantes e líderes do Qatar, Arábia Saudita, Indonésia, Turquia, Paquistão, Egito, Emirados Árabes Unidos e Jordânia.

Falando em nome de Trump, Leavitt reforçou o argumento que também vem sendo reiterado pelo primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, segundo o qual o reconhecimento da Palestina é uma forma de recompensar o grupo terrorista Hamas pelos ataques de 7 de outubro de 2023. Os atentados mataram cerca de 1.200 pessoas no território israelense e deram origem à guerra em curso, com mais de 65 mil palestinos mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

Trump, de acordo com o site Axios, deseja que os países árabes participem de um plano pós-guerra para Gaza e até enviem tropas para criar uma espécie de força de estabilização que substituiria a presença do Exército israelense.

Já os países árabes devem pedir a ele que pressione Netanyahu a acabar com o conflito e a não anexar partes da Cisjordânia ocupada —Tel Aviv advertiu que poderia anexar o território em resposta ao reconhecimento da Palestina.

Netanyahu discursará na Assembleia-Geral da ONU na sexta-feira (26) e ainda deverá realizar uma visita à Casa Branca, programada para segunda-feira (29).

O site Axios afirma que Trump também deve realizar, no mesmo dia do encontro com líderes árabes, uma reunião separada com representantes de vários países do Golfo Pérsico —Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Omã, Bahrein e Kuwait.

Um dos principais temas desse encontro devem ser as preocupações após o ataque inédito de Israel contra líderes do Hamas no Qatar. De acordo com o Axios, esses países querem obter garantias da gestão Trump de que uma ofensiva do tipo não ocorrerá novamente.

A pressão sobre Israel aumentou no domingo (21) após Austrália, Canadá, Portugal e Reino Unido oficializarem o reconhecimento do Estado palestino, antecipando-se ao grupo de nações que deverá fazer o mesmo na Conferência de Alto Nível sobre Palestina, em Nova York.

Em julho, o presidente francês, Emmanuel Macron, deu início à mobilização ao anunciar que iria reconhecer oficialmente a Palestina durante a cúpula da ONU. Há divisões, no entanto. Nações como Alemanha e Itália não devem aderir ao grupo de países que vão declarar reconhecimento palestino, que inclui França, Bélgica, Luxemburgo, Andorra, Malta e San Marino.