SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O influenciador Ricardo Corbucci transformou o que parecia um hobby improvável em profissão. Aos 38 anos, é um dos principais nomes dos desafios de comida no país e soma mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais.
Nos vídeos, ele devora em poucos minutos quantidades impressionantes de sanduíches, pizzas, sobremesas e quitutes diante das câmeras. O talento para comer grandes quantidades de comida foi descoberto há cerca de 15 anos, quando passou por um processo de emagrecimento. Corbucci conta que, na época, fazia dietas muito restritivas e, em outros momentos, exagerava na comida.
“Não tinha uma relação saudável com a comida”, relembra o influenciador em entrevista à reportagem. Nesse processo, percebeu que tinha facilidade para ingerir grandes volumes.
Foi preciso procurar ajuda profissional para conseguir perder peso e ter uma relação mais equilibrada com a alimentação. Anos depois, decidiu testar esse limite em um desafio com 3 litros de açaí e paçoca. Ele concluiu a prova em oito minutos.
Mas esse não chegou nem perto do seu recorde. Corbucci conta que o máximo que já conseguiu comer foram cerca de 8,5 quilos de melancia em 30 minutos em um campeonato. Segundo ele, o fato de a fruta conter muita água permitiu que ingerisse uma quantidade maior.
Com o primeiro desafio ganho em 2016, ele começou a gravar vídeos, conciliando o hobby com o trabalho formal na área de tecnologia da informação. “Eu comecei a gravar por diversão, porque não tinha nenhum retorno financeiro”, lembra.
A virada profissional veio anos depois. Desde 2021, Corbucci se dedica apenas à produção de conteúdo. Hoje, grava cerca de um desafio por semana.
Corbucci explica que a preparação envolve dilatar o estômago com frutas e vegetais dias antes e jejuar no dia da gravação para chegar com fome e conseguir ingerir grandes volumes. Segundo ele, os próprios desafios funcionam como uma espécie de treino para os próximos.
Mas, além das montanhas de comida, o que também surpreende parte do público é sua aparência atlética. Corbucci não corresponde ao estereótipo de quem pratica alimentação competitiva e segue “em forma” mesmo após quase uma década na modalidade.
“As pessoas acham que eu como assim todo dia, e não. Está bem longe disso”, explicou. Segundo o influenciador, apesar de ingerir quilos de comida em uma única refeição para os vídeos, ele tenta buscar uma rotina equilibrada.
Ele afirma que faz musculação e exercícios aeróbicos todos os dias, realiza jejuns antes e depois das gravações e mantém a dieta controlada para perder o peso acumulado durante os vídeos. “Eu alterno entre vídeos mais calóricos e menos calóricos, tem toda uma estratégia. Além da rotina física e de dieta”, conta.
O influenciador também faz exames regulares com cardiologista, gastroenterologista e endocrinologista e já teve acompanhamento de vários treinadores e nutricionistas. Também cursou quatro semestres de nutrição e hoje monta a própria dieta. “O que eu faço é alta performance, tentar levar o corpo a um extremo, da mesma forma que em alguns esportes como maratonas e bodybuilding.”
Por esses motivos, evita incentivar outros a tentar seguir o mesmo caminho. Ele conta que recebe mensagens de seguidores que querem iniciar na prática, mas considera arriscado. “Eu não gosto de estimular, porque é uma coisa que oferece risco no final das contas”, diz.
Corbucci explica que a alimentação competitiva, além de exigir acompanhamento profissional para mitigar os danos, não costuma oferecer prêmios no Brasil e a vida como influenciador é imprevisível, tornando o retorno financeiro incerto.
O influenciador conta que nunca teve problemas de saúde relacionados às competições, mas já passou por apuros. “Já tive questão de engasgo, que é muito preocupante, pessoas morrem engasgadas”, alerta. Ele desmente que o segredo seja comer rápido, porque isso aumenta o risco de acidentes.
Hoje, evita engolir pedaços grandes e pede que os restaurantes reduzam o sal e os temperos para facilitar a digestão depois das provas.
Corbucci também define limites para si mesmo e recusa propostas exageradas. Conta que já recebeu convites de restaurantes para tentar comer 10 quilos de comida de uma vez. “Eu sei que aquilo ali ninguém vai conseguir. Eu não vou conseguir. Os competidores dos Estados Unidos [mais experiêntes] não vão conseguir”, afirma.