SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta segunda-feira (22) que estava pronto para estender por um ano o último acordo entre Washington e Moscou que tenta limitar o número de armas nucleares de ambos os lados se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fizer o mesmo.
A fala ocorre a pouco mais de quatro meses do prazo do tratado que tenta controlar o número de armas que podem destruir o mundo, o chamado Novo Start. Até agora, Rússia e EUA não iniciaram conversas sobre a renovação ou revisão do texto, embora Trump tenha falado sobre seu desejo de fazer um novo acordo do tipo incluindo a China ideia que Pequim rejeitou.
“A Rússia está disposta, após 5 de fevereiro de 2026, a continuar respeitando as limitações quantitativas centrais previstas pelo tratado Novo Start”, declarou Putin em uma reunião televisionada de seu Conselho de Segurança.
Após essa data, continuou, a Rússia decidirá se vai manter as restrições. “Acreditamos que esta medida só será viável se os EUA agirem de maneira similar e não tomarem medidas que minem ou violem a proporção atual de capacidades de dissuasão”, afirmou.
O líder disse ainda que a Rússia está monitorando as armas nucleares e a atividade de defesa dos EUA e prestando atenção especial aos planos de Washington para reforçar suas defesas antimísseis. “Procederemos com base no fato de que a implementação prática de tais ações desestabilizadoras poderia anular nossos esforços para manter o status quo no Start”, afirmou. “Responderemos de acordo.”
O Novo Start (que vem da sigla inglesa para Tratado de Redução de Armas Estratégicas) é o descendente direto do primeiro acordo do tipo, entre soviéticos e americanos, em 1972. Foi assinado em 2010, buscando limitar o número de bombas a 1.550 de cada lado, além de 700 meios militares para empregá-las (aviões, mísseis e submarinos).
O acordo também prevê um mecanismo de verificação, embora essas inspeções tenham sido oficialmente interrompidas há dois anos. Na ocasião, pouco antes de a Guerra da Ucrânia completar um ano, Putin afirmou que não estava se retirando do tratado, mas suspendendo sua participação.
Este é o último acordo de controle de armamento entre Washington e Moscou. Em 2019, os EUA se retiraram de um importante tratado de desarmamento assinado em 1987 com a Rússia sobre armas nucleares de alcance intermediário.
Ao fim da Guerra Fria, o mundo tinha cerca de 70 mil ogivas nucleares, a maioria absoluta nas mãos das duas potências. Agora são 12,2 mil, segundo a Federação dos Cientistas Americanos, 87% delas com os mesmos donos mas há novos atores no palco desde então, como Paquistão e Coreia do Norte.
Putin afirmou ainda que sua proposta era de interesse dos esforços para evitar a proliferação de armas nucleares globalmente e poderia ajudar a estimular o diálogo com Washington. A oferta ocorre no momento em que a Ucrânia tenta persuadir Trump a impor sanções mais duras à Rússia.
A proposta parece ser uma mudança unilateral de política por parte de Moscou, que até agora insistiu que só se envolveria com os EUA em tais assuntos se a relação geral com o adversário, prejudicada pelas diferenças sobre a guerra na Ucrânia, melhorassem. Até agora, Washington não reagiu.