Da Redação
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) expõe o contraste nos salários do funcionalismo público no país. Enquanto o Poder Judiciário concentra as maiores remunerações, chegando a médias acima de R$ 26 mil por mês, o Executivo municipal reúne a maior parte dos servidores com vencimentos muito mais modestos, próximos de R$ 2,6 mil.
Os dados fazem parte do Atlas do Estado Brasileiro e revelam desigualdades tanto entre os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) quanto entre os níveis da Federação (União, estados e municípios). Em 2025, o gasto total com a folha de pagamento — somando ativos e aposentados — deve atingir R$ 1,7 trilhão, em meio às discussões sobre a reforma administrativa.
De acordo com o pesquisador Felix Lopez, do Ipea, a diferença salta aos olhos: “O Judiciário tem remunerações muito altas em todas as faixas, mesmo nos cargos de menor salário. Já no Executivo municipal, que concentra a maioria do funcionalismo, os rendimentos médios são os mais baixos de todo o setor público”.
No topo da pirâmide, algumas carreiras ultrapassam de longe a média. Procuradores do Judiciário estadual, por exemplo, receberam em média R$ 40 mil mensais em 2018, seguidos de juízes e auditores da Receita Federal. Já nos municípios, a grande massa de servidores ocupa funções administrativas, técnicas e de apoio, recebendo salários que mal se aproximam da realidade do funcionalismo federal.
O estudo mostra não apenas a disparidade financeira, mas também de perfil: nos municípios, a escolaridade média é mais baixa e os processos de seleção e recrutamento diferem bastante dos mecanismos adotados no nível federal. O resultado é um retrato de forte concentração de recursos no topo da burocracia, em contraste com a baixa remuneração da maioria que mantém a máquina pública funcionando no dia a dia.