SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Janeth Arcain fez parte da geração mais vitoriosa do basquete feminino brasileiro, ao lado de Hortência e Paula. Campeã mundial em 1994, duas vezes medalhista olímpica e quatro vezes campeã da WNBA, ela sabe bem o que significa ver o Brasil no topo. Por isso, ao analisar o cenário atual da modalidade, é categórica: o país precisa investir na base para voltar a sonhar grande.

“O brasileiro é muito imediatista, mas o esporte não é assim. O basquete precisa de campeonatos nacionais, de estrutura nas categorias de base, de jovens ganhando experiência. Só assim vamos colher frutos no médio e longo prazo”, afirmou.

Janeth reconhece que as dificuldades não são novidade – existiam na geração dela e até mesmo nas anteriores. A diferença, lembra, é que naquela época o Brasil conseguiu transformar esforço em conquistas históricas. Hoje, ela vê sinais positivos, como a presença de jogadoras brasileiras na WNBA, mas reforça que ainda é preciso criar continuidade. “Temos talento, temos potencial. O que falta é fortalecer esse caminho para que essas meninas possam levar o Brasil de volta entre as quatro melhores do mundo”, destacou.

Essa visão de futuro é também o que move a ex-jogadora em seu papel de embaixadora dos Jogos da Juventude 2025. Em Brasília, ela se emocionou ao se ver refletida nos adolescentes que dão os primeiros passos no esporte. “Eu me projeto nesses jovens. É uma felicidade enorme estar aqui, incentivando, mostrando que eles podem sonhar em conquistar o que nós conquistamos. Esses jogos são um alicerce, uma base de experiências que podem transformar sonhos em realidade”, disse.

Para Janeth, os Jogos funcionam como uma espécie de “mini Pan” ou até “mini Olímpiada”, onde os atletas têm um primeiro contato com o clima de uma grande competição. Mais do que medalhas, é a convivência, a motivação e a troca de energia que ficam. “Eu espero ver muitos desses meninos e meninas, que hoje são tímidos fora da quadra mas se soltam dentro dela, um dia vestindo a camisa do Brasil. Esse é o maior legado que iniciativas como essa deixam”, afirmou.

Hoje, além de palestrante e administradora de um instituto social com mais de duas décadas de atuação, Janeth segue como comentarista da NBA. Mas, mesmo com uma agenda cheia, ela garante que sempre haverá espaço para momentos como esse: “Cada vez que participo de ações assim, sinto que continuo sendo parte dessa história. Quero ser inspiração e espelho positivo para as novas gerações.”