SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um respiro para a Cosan, Mato Grosso do Sul vira Vale da Celulose e o que mais importa no mercado nesta segunda-feira (22).

*RESTART NA COSAN*

Há momentos na vida em que a gente precisa de um empurrãozinho para voltar à ativa. Um gás para enfrentar os desafios da vida sem reclamar —ou reclamando menos, já está bom.

A Cosan acaba de receber um baita empurrão para tentar sair da crise e melhorar as finanças da companhia. O BTG Pactual Holding, que tem como sócios o bilionário André Esteves, investirá R$ 4,5 bilhões, e o Fundo Perfin Infra adicionará outros R$ 2 bilhões.

Ainda, o family office do fundador da empresa, Rubens Ometto, colocará R$ 750 milhões no negócio e haverá uma oferta subsequente (ou “follow-on”) de ações na bolsa de até R$ 2,75 bilhões.

🧐 Crise, não catástrofe. Veja bem, dá para dizer que a Cosan passa por um momento complicado, mas não é como se a empresa estivesse quebrada.

Os resultados do segundo trimestre de 2025 chamaram a atenção do mercado financeiro de forma negativa: a companhia registrou prejuízo de R$ 946 milhões, um salto de mais de 300% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a baixa foi de R$ 227 milhões.

Boa parte do resultado negativo foi atribuída às dificuldades na Raízen, joint-venture da Cosan com a Shell voltada para a produção de etanol e combustíveis de segunda geração. Já falamos sobre esse imbróglio na newsletter —se perdeu, leia aqui.

📈 Sim, mas… na opinião de Ometto, é a taxa Selic nas alturas (15% ao ano). Segundo ele, com juros reais na casa dos 10%, é impossível administrar qualquer investimento.

Tem mais. A Cosan também enfrenta dificuldades com dívidas desde que adquiriu uma participação na Vale em 2022. Em janeiro deste ano, se desfez do investimento. A venda por R$ 9 bilhões de uma fatia de 4,05% na mineradora encerrou uma tentativa frustrada de conseguir influência na companhia.

🕊️ Esperança? O novo gás traz algum otimismo aos investidores. O gordo investimento na Cosan e a simplificação do portfólio da Raízen trazem alguma expectativa de que os negócios de Ometto podem melhorar —mesmo sem nenhuma previsão de que a Selic vai baixar.

*UM MILHÃO POR HABITANTE*

O que acontece quando um município de pouco mais de 20 mil habitantes recebe uma fábrica com investimento na casa dos R$ 20 bilhões? E o que acontece quando outro município, esse com população ainda menor, a 230 quilômetros dali, recebe mais grana?

À primeira vista, parece um sonho. Até que as queixas sobre avanço da especulação imobiliária, escassez de mão de obra e as mazelas do crescimento desordenado começam a aparecer.

Esse é o cenário que a região leste de Mato Grosso do Sul vive hoje. Os recursos são parte de uma série de projetos da indústria da celulose, que estão transformando a economia e a vida dos moradores de pequenas cidades.

O fenômeno: empresas do ramo, como a Suzano, a Arauco e a Bracell, estão investindo pesado na região que agora recebe a alcunha de Vale da Celulose. Aí vão alguns exemplos.

Na cidade de Ribas do Rio Pardo, de cerca de 23 mil habitantes, foi inaugurado um projeto da Suzano com produção superior a 2,5 milhões de toneladas por ano. O investimento foi de cerca de R$ 22 bilhões.

Em Inocência, cidade com 8.000 moradores, a chilena Arauco fez o maior investimento da história da empresa: a construção de uma fábrica que custou R$ 25 bilhões.

📍 Polo sul, polo norte… polo centro-oeste? Mato Grosso do Sul é o principal destino de um montante importante de dinheiro da indústria da celulose —R$ 105 bilhões no país até 2028. Nos últimos 15 anos, a área de eucaliptos no estado subiu de 340 mil hectares para mais de 1,6 milhão de hectares, segundo dados do governo.

Essa onda vem acompanhada de outros bilhões direcionados à logística, em projetos como a recém-leiloada Rota da Celulose e terminais privados.

Impactos. Em Ribas, onde a fábrica da Suzano já entrou em operação, ainda há um clima de improviso. A cidade tem contêineres usados como hotéis e salas de aula para capacitação.

O efeito também atinge a rede de saúde e saneamento. O prefeito, Roberson Moureira (PSDB), estima que a cidade, que tinha 23 mil pessoas no censo de 2022, já tenha chegado aos 30 mil, superando a previsão do IBGE.

*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*

Pressão baixa. O “boom” do mercado imobiliário em Dubai, que deu origem a alguns dos edifícios mais extravagantes do mundo, dá sinais de esgotamento.

Novo episódio de “Succession”. Em uma entrevista, Donald Trump sugeriu a participação da família Murdoch na nova gestão do TikTok nos EUA.

Campo inflamado. As tarifas impostas por Donald Trump sobre o comércio dos EUA com outros países estão atingindo em cheio o agronegócio americano.