SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Neste domingo (21), atos contra a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e contra a PEC da Blindagem foram registrados em diversas cidades do Brasil. A Proposta de Emenda à Constituição prevê que um parlamentar só poderá ser alvo de processo com autorização do Legislativo.
Os protestos são impulsionados pela mobilização de artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Djavan, que participam do ato em Copacabana, no Rio de Janeiro. Nas redes sociais, eles apareceram por volta das 16h, nos bastidores, cantando “Linha do Equador”.
Perto das 17h, Caetano subiu ao trio com Maria Gadú e entoou canções como “Um Índio”, “Alegria, Alegria” e “Desde que o Samba é Samba” em meio a palavras de ordem. “O povo brasileiro elegeu Lula, e por isso a democracia no Brasil resiste”, disse.
Depois, foi a vez de Djavan subir para cantar músicas como “Sina”, pouco antes de Gil se juntar aos companheiros, com “Aquele Abraço”.
Em seguida, Chico cantou “Cálice” com Gil, simbólica composição da dupla feita durante a ditadura militar para o show Phono 73, no Anhembi, em São Paulo. No dia da apresentação, eles souberam que a canção havia sido censurada e decidiram cantá-la sem a letra, usando palavras aleatórias. Já em trio, com Djavan, cantaram “Samba do Grande Amor”.
Caetano e Gil também agitaram o público com “Divino, Maravilhoso”, outra canção simbólica do período da ditadura, com os versos: “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte.”
No alto do caminhão de som, Paulinho da Viola entoou seus sucessos “Coração Leviano” e “Timoneiro”. Em seguida, Geraldo Azevedo apresentou “Bicho de Sete Cabeças”, composição em parceria com Zé Ramalho, lançada no final da década de 1970, e “Dia Branco”, um de seus maiores hits.
Ivan Lins também subiu ao palco e, evocando um verso de Gonzaguinha, afirmou: “Nós não temos cara de babaca e temos que fazer valer isso até outubro do ano que vem”. Ao teclado, cantou “Vitoriosa” e “Novo Tempo”.
Lenine abriu sua participação falando sobre a soberania nacional: “Nenhum país estrangeiro vai meter o bedelho aqui”, disse. O artista pernambucano cantou “Jack Soul Brasileiro”, um tributo a Jackson do Pandeiro (1919-1982), e “Paciência”.
Frejat interpretou “Ideologia” e “Pro Dia Nascer Feliz”, duas de suas parcerias com Cazuza (1958-1990), companheiro de Barão Vermelho.
Por volta das 18h, com Pretinho da Serrinha no cavaquinho, os artistas puxados por Paulinho da Viola cantaram juntos “Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida”, de Paulinho, “Vai Passar”, “Apesar de Você” e “Quem Te Viu, Quem Te Vê”, de Chico.
A artista Marina Sena também cantou em Copacabana.
Mais cedo, em Salvador, Wagner Moura subiu em um trio elétrico comandado por Daniela Mercury, Baco Exu do Blues e ainda com a percussionista Lan Lanh e a atriz Nanda Costa.
Diante de milhares de pessoas, ele criticou a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. “É por causa daquela lei [promulgada na época da ditadura] que a gente teve o Bolsonaro e isso não pode acontecer nunca mais. Sem blindagem e sem anistia”, disse o ator.
“Fiquei com vontade de falar do momento extraordinário pelo qual passa a democracia brasileira, que é exemplo para o mundo todo. A gente, que cresceu dizendo que a nossa democracia é frágil e jovem, [viu que] ela botou para lenhar”, acrescentou o artista, ovacionado pelos manifestantes.
Em Brasília, uma multidão também se reuniu para protestar. Por lá, quem comandou o trio foi o cantor Chico César, seguido de Pepita e Djonga. Em Belém, o ato contou com a participação do ator Marco Nanini.
Nomes como Debora Bloch, João Vicente de Castro, Cláudia Abreu, Malu Mader, Caco Ciocler, Dira Paes e Renata Sorrah também participaram dos atos, que ocorreram em dez capitais.
Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Natal, Belém, Brasília e João Pessoa tiveram mobilizações desde a manhã deste domingo.
A manifestação foi convocada nas redes sociais em protesto contra o Congresso Nacional após a votação da PEC da Blindagem e da urgência para o projeto da anistia.