BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá ser representado por uma comitiva mais enxuta na 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, que será realizada em Nova York a partir desta segunda-feira (22).
Até sexta (19), tinham sido publicadas no Diário Oficial da União autorizações para viagem de 58 integrantes do governo. O número ainda é subestimado, e há funcionários cujos nomes não são divulgados, como os da área de segurança e a equipe médica do presidente.
Lula embarcou neste domingo (21) ao lado dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Camilo Santana (Educação), Márcia Lopes (Mulheres) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), além do assessor especial da Presidência, Celso Amorim, e do governador do Ceará, Elmano de Freitas.
Outros ministros, Jader Barbalho (Cidades), Mauro Vieira (Itamaraty) e Marina Silva (Meio Ambiente), também devem compor a comitiva.
Em 2024, o governo enviou ao menos 161 pessoas aos Estados Unidos, incluindo oito ministros. Apenas os gastos declarados pelo Itamaraty para a comitiva de Lula alcançaram cerca de R$ 8 milhões.
Ainda não há informações disponíveis sobre qual deve ser o gasto com os deslocamentos, diárias e outras despesas deste ano. A comitiva de 2025 também não foi confirmada pelo governo.
A participação brasileira se dará em um contexto de crise diplomática com os EUA. Os governos Trump e Lula estão em plena rota de colisão devido ao julgamento que levou à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Trump se referiu ao processo como uma caça às bruxas e determinou diversas sanções contra o Brasil, incluindo o tarifaço de 50% sobre produtos do país e a suspensão do visto de ministros do Supremo Tribunal Federal e de autoridades do Executivo.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de participar da Assembleia-Geral da ONU devido a limitações impostas pelo governo Trump à sua circulação na cidade de Nova York.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também decidiu que não irá à assembleia, apesar de ter recebido visto do governo americano. Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que também teve o documento suspenso, obteve no último dia 16 a autorização de entrada nos EUA.
O Brasil e países aliados ainda decidiram não convidar representantes americanos para a reunião “Democracia Sempre”, que será feita às margens da Assembleia-Geral da ONU. Washington participou do encontro do ano passado, idealizado por Brasília e pela Espanha.
Na Assembleia-Geral da ONU, Lula discursará no debate anual de alto nível, que reúne 193 membros do órgão, incluindo os EUA. O Brasil é sempre o primeiro país a se manifestar na assembleia o discurso do brasileiro será na terça-feira (23).
Rosângela da Silva, a Janja, já viajou a Nova York. Segundo sua assessoria, a primeira-dama irá participar de reuniões relacionadas à COP30.
Em 2024, o governo levou para Nova York os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinicius Carvalho (Controladoria-Geral da União).
A divulgação das autoridades, assessores e técnicos que acompanham as atividades do governo, além das despesas do grupo, é fragmentada.
A reportagem verificou que ao menos 161 pessoas foram mobilizadas para o evento em Nova York no ano passado, com gastos de diárias e passagens superando R$ 1,6 milhão. Mas o valor ainda é subestimado.
Em resposta à Câmara dos Deputados no fim de 2024, o Ministério das Relações Exteriores afirmou ter desembolsado R$ 8 milhões apenas com a participação de Lula e de sua comitiva no evento, que incluía ainda, entre outras pessoas, a primeira-dama, Janja, e os então presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Segundo o mesmo documento, foram desembolsados R$ 6,14 milhões com a hospedagem do grupo e de suas equipes, além de R$ 1,34 milhão com aluguel de veículos. O restante das despesas não foi detalhado.
Em junho, ao avaliar uma representação de deputados bolsonaristas, o TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que não há “registro de irregularidades ou excessos” nos gastos da comitiva de 2024. “As despesas examinadas encontram respaldo em atos oficiais publicados e observaram os procedimentos normativos aplicáveis às viagens internacionais com ônus para a União”, afirma ainda acórdão do tribunal.
Na noite de quinta (18), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência disse que a comitiva que acompanhará Lula neste ano estava em definição. Informou também que a relação dos integrantes seria divulgada quando estivesse fechada.