SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Manifestantes convocados por movimentos sociais, presidentes de partidos de esquerda e parlamentares se reuniram na avenida Paulista, neste domingo (21), para protestar contra o Congresso Nacional, o projeto de anistia e a PEC da Blindagem.

Os manifestantes começaram a se reunir por volta das 13h em frente ao Masp, cartão postal de São Paulo, com faixas e cartazes com os dizeres “Congresso inimigo do povo” e “sem anistia”.

Também entraram no rol de pedidos dos manifestantes o fim da escala 6×1 de trabalho, a taxação dos mais ricos e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês –pautas do governo Lula (PT) que seguem paradas no Congresso.

O ato foi convocado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao PSOL e ao PT e que reúnem movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), em pelo menos 22 capitais.

Na Paulista, ao menos oito quarteirões, entre as ruas Padre João Manoel e Alameda Joaquim Eugênio de Lima, estavam tomadas pelos manifestantes, que entoavam gritos de “sem anistia e sem dosimetria”, “a bandeira é nossa” e “vai ser preso” –em referência a Bolsonaro.

O carro de som foi posicionado em frente ao parque Trianon, do outro lado do MASP, onde parlamentares e artistas se revezaram nos discursos, que iniciaram por volta de 14h30.

Estiveram presentes os deputados federais Guilherme Boulos, Ivan Valente, Luiza Erundina, Luciene Cavalcanti e Orlando Silva (PSOL) ; Rui Falcão e Juliana Cardoso (PT); o ex-presidente do PT José Genoíno, além dos presidentes do PT e do PSOL, Edinho Silva e Paula Coradi.

O carro de som com autoridades, artistas e assessores começou a balançar, lotado, e os organizadores começaram a pedir um revezamento do público que estava em cima do trio.

A organização, segundo apurou a reportagem, não esperava que tanta gente fosse comparecer e, por isso, contratou apenas um carro de som.

O padre Júlio Lancelotti pediu que os presentes, independentemente de suas respectivas religiões, levantassem as mãos em uma bênção pela paz.

Manifestantes portavam cartazes chamando de “traidores” os 12 deputados federais do PT que foram a favor da PEC da Blindagem, também chamada de PEC da Bandidagem por permitir ao Congresso barrar prisões de parlamentares e processos criminais no STF (Supremo Tribunal Federal) contra deputados e senadores. Nenhum dos 12 deputados petistas compareceu ao ato.

Questionado sobre a votação dos deputados do PT a favor da PEC, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) disse ter sido um erro e ressaltou que, na bancada do PL, todos votaram “sim”.

“Considero um erro, tanto que votei contra. Agora o PL em peso, totalmente, 100% votou a favor da ‘PEC da Bandidagem’. Então nós temos que ter foco nessa discussão”, disse o psolista.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) concordou que foi um erro de cálculo da esquerda e que a bancada do PSB votará contra a PEC no Senado. Ela também afirmou que, sobre a ideia de transformar o projeto de anistia em discussão sobre a dosimetria das penas, “não há diálogo com golpismo”.

Os petistas que votaram a favor da PEC desobedeceram a orientação do partido, que tem 68 deputados federais, de ir contra o texto. O grupo argumentou ter feito um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para não votar a anistia, priorizada por bolsonaristas após a condenação de Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista, na semana passada.

O grupo alega ter sido traído por Motta, já que no dia seguinte à votação da PEC, a urgência para votar a anistia foi pautada e aprovada na casa.