PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Um jogador francês, em uma equipe francesa. Caso conquiste a Bola de Ouro, Ousmane Dembélé será o segundo a realizar esse feito, alcançado apenas por Jean-Pierre Papin, então no Olympique de Marselha, em 1991. A cerimônia no Teatro do Châtelet, em Paris, começa às 16h (de Brasília) desta segunda-feira (22).
O prêmio é atribuído desde 1956 pela revista France Football, por votação de uma centena de jornalistas especializados, um de cada país. Não deve ser confundido com o Fifa The Best, entregue na virada do ano pela Federação Internacional de Futebol. Entre 2010 e 2015 houve uma fusão dos dois prêmios, o que até hoje gera confusão no público.
Pode-se argumentar que o atacante do Paris Saint-Germain não é o melhor jogador de seu país o líder incontestável da seleção francesa é Kylian Mbappé e nem mesmo de seu time há quem defenda ser o habilidoso meio-campista português Vitinha.
Mas pesam a favor de Dembélé suas atuações decisivas na hora mais crucial o mata-mata da Champions League, conquistada pela primeira vez pelo PSG, em maio. Em uma equipe reconhecida pelo espírito coletivo incutido pelo treinador espanhol Luis Enrique, Dembélé se destacou um pouco mais que os outros.
Seu maior concorrente é o prodígio espanhol Lamine Yamal, 18 anos completados em julho. Yamal levou o Barcelona ao título do Campeonato Espanhol, mas seu time caiu na semifinal da Champions. Ele é o jogador mais valorizado do mundo atualmente, segundo o site especializado Transfermarkt: 200 milhões (R$ 1,25 bilhão). Em parte devido a seus 28 anos, Dembélé vale menos da metade: 90 milhões (R$ 560 milhões).
Visto como fora de série desde que despontou no Rennes, aos 17 anos, Dembélé chegou prestigiado ao Barcelona aos 20, mas adquiriu reputação de inconstante. Camisa 11 da seleção francesa campeã do mundo na Rússia, em 2018, terminou a Copa no banco. Depois de seis temporadas de altos e baixos na Catalunha, em 2023 o PSG lhe ofereceu a camisa 10 que tinha sido de Neymar. Dembélé agarrou a oportunidade.
Até 2023, a France Football telefonava para o ganhador com antecedência, para garantir sua presença na cerimônia. O nome acabava vazando para a imprensa. Desde o ano passado, garantem os organizadores, o sigilo dura até a abertura do envelope.
Segundo pessoas familiarizadas com os planos da festa, o prêmio principal deste ano será entregue por Ronaldinho Gaúcho, premiado em 2005, quando jogava no Barcelona. Isso não significa, porém, que as chances de Lamine Yamal sejam maiores, pois o craque brasileiro também foi ídolo do PSG.
O time “da casa” da celebração, o PSG, estará jogando bem na hora da solenidade. Sua partida contra o Olympique de Marselha, em Marselha, pelo Campeonato Francês, foi adiada de domingo para segunda devido ao mau tempo. Isso não deve impedir Dembélé, afastado por uma lesão na coxa, de participar da entrega do prêmio em Paris.
Segundo a imprensa francesa, o PSG tentou antecipar o jogo para a tarde de segunda, de modo a retornar a Paris a tempo para a cerimônia. Mas o Olympique, rival histórico, recusou, dizendo que o horário seria inconveniente para seus torcedores.
Trinta jogadores foram indicados à categoria mais badalada, melhor jogador, entre eles dois atacantes brasileiros, Raphinha, do Barcelona, e Vinicius Junior, do Real Madrid. As casas de apostas europeias apontam Raphinha como terceiro favorito. Parte da imprensa espanhola atribuiu a queda de produção de Vinicius nos últimos 12 meses à inesperada perda do troféu.
Na Bola de Ouro do ano passado, Vini protagonizou uma polêmica mundial. Quando surgiu a informação de bastidores de que o vencedor não seria ele, mas Rodri, meio-campista espanhol do Manchester City, o Real Madrid decidiu boicotar a cerimônia (Vinicius ganhou, porém, o Fifa The Best). A imprensa espanhola afirmou que o Real fará o mesmo neste ano.
Rodri não concorre este ano: perdeu oito meses da temporada devido a uma lesão de ligamento do joelho e menisco, tendo retornado aos campos só em maio.
O Brasil tem duas jogadoras concorrendo à Bola de Ouro feminina Amanda Gutierres, 24, atacante do Palmeiras, e a veterana Marta, 39, atacante do Orlando Pride. Nenhuma das duas é considerada favorita. As duas se destacaram neste ano na conquista da Copa América.
O país concorre ainda no Troféu Kopa (melhor jogador sub-21), com o atacante Estêvão, 18, que trocou recentemente o Palmeiras pelo Chelsea; ao Troféu Iashin (melhor goleiro), com Alisson, do Liverpool; ao Troféu Cruyff (melhor treinador de futebol feminino), com Arthur Elias, da seleção brasileira; e a clube do ano, com o Botafogo, campeão da Libertadores. Há uma votação popular da “jogada do ano”, em que concorre o gol de voleio de Andreas Pereira pela seleção, contra o Peru, em outubro de 2024.
Se ganhar a Bola de Ouro, Dembélé também deverá subir machucado ao palco do Teatro do Châtelet, em Paris, como fez Rodri no ano passado. Ele sofreu uma lesão na coxa direita, jogando contra a Ucrânia no início do mês, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, e ficará pelo menos um mês sem atuar.
Além de Papin, outros quatro jogadores franceses já ganharam a Bola de Ouro, mais tradicional prêmio individual do futebol mundial: Raymond Kopa (1958), Michel Platini (1983, 1984 e 1985), Zinédine Zidane (1998) e Karim Benzema (2022). Platini jogava pela Juventus, da Itália, quando ganhou seus troféus, e os outros três, pelo Real Madrid.
Até 1993, só concorriam ao prêmio jogadores de nacionalidade europeia. Em 1994, o prêmio foi estendido a qualquer jogador atuando em clube europeu. Ronaldo foi o primeiro brasileiro a conquistá-lo, em 1997. Desde 2007, a Bola de Ouro premia simplesmente o melhor jogador do mundo.