PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Uma entrevista com a cantora Alla Pugacheva, uma das maiores ícones da música russa, teve grande repercussão devido a críticas à Guerra da Ucrânia.

O vídeo de três horas de duração, que foi ao ar em 10 de setembro no canal da jornalista Katarina Gordeeva no YouTube, passou das 22 milhões de visualizações e 164 mil comentários.

Aos 76 anos, com seis décadas de carreira e uma estimativa de mais de 250 milhões de discos vendidos, Alla é reconhecida como a maior artista pop da União Soviética e da Rússia. Apesar de pouco conhecida no Ocidente, Pugacheva ainda tem legiões de fãs em ex-repúblicas soviéticas e países do Leste Europeu.

Durante a entrevista, Pugacheva disse que já apoiou Putin e considerou que o presidente teve acertos no começo de seu mandato, mas que mudou sua posição com o tempo.

“Todos sabem que eu me oponho à guerra. E acredito que nosso país está sofrendo muito”, disse Pugacheva. “Apontar que a própria pátria está errada é patriotismo.”

Alla Pugacheva deixou a Rússia logo após o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e hoje vive em Israel com o marido, o ator e comediante Maxim Galkin.

“A consciência é mais valiosa que a fama, o luxo ou qualquer outra coisa –especialmente na minha idade”, disse Pugacheva sobre a decisão de deixar seu país-natal.

A entrevista atraiu a indignação de aliados de Putin, como o Ramzan Kadirov, líder da Tchechênia, que se referiu à artista como inimiga do povo e traidora. Kadirov questionou um trecho da entrevista em que ela elogia o líder separatista Dzhokhar Dudaiev, que foi morto em 1996.

“Esse discurso patético e vazio de uma artista que não tem absolutamente nenhuma compreensão do assunto seria melhor ter ficado guardado dentro dela mesma”, escreveu Kadirov no Telegram.

A artista já havia entrado em conflito com o governo de Putin em 2022, depois que Galkin foi incluído na lista dos chamados “agentes estrangeiros” na Rússia.

À época, a artista disse que seu marido quer “o fim das mortes dos meninos [russos] por objetivos ilusórios que transformam o país em pária e pesam muito na vida de seus cidadãos”.