SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Tribunal de Justiça de Santa Catarina suspendeu a medida cautelar que obrigava Rayane Figliuzzi, ré por estelionato e organização criminosa, a comparecer mensalmente em juízo. A decisão foi tomada a pedido da defesa da empresária para que ela pudesse participar de A Fazenda 17 (Record).
Namorada do cantor Belo, Rayane está concorrendo a R$ 2 milhões no programa, além de receber cachê semanal e participar de provas que dão prêmios como carros, eletrodomésticos e quantias em dinheiro. Na última quarta-feira (17), ela venceu a primeira prova do Fazendeiro da edição.
O reality show vai até dezembro deste ano. Caso permanecesse na competição, Rayane não teria como cumprir a medida cautelar, o que poderia acarretar em prisão. O advogado dela, Carlos Lube, afirmou à reportagem que conseguiu a suspensão da medida. “Nós revogamos. Ela está autorizada pelo juiz a participar”, diz Lube. O processo corre em segredo de Justiça.
À reportagem, o TJ-SC afirmou, via assessoria de imprensa, que “a Justiça autorizou a participação de Rayane da Silva Figliuzi no reality show A Fazenda em atenção ao pedido formulado por seus advogados nos autos do processo que ela responde em Santa Catarina”. A decisão foi tomada no dia 1º de agosto deste ano, informa o órgão do judiciário estadual.
Até então, Rayane tinha uma carta precatória que a obrigava a comparecer mensalmente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde reside.
GOLPE DO MOTOBOY
Rayane foi presa em 2022 sob suspeita de integrar a quadrilha Família Errejota, que dava golpes em idosos na Grande Florianópolis (SC). O suposto líder do esquema é Alexandre Navarro Junior. Conhecido como Juninho Navarro, ele é ex-marido da empresária e pai de seu filho.
De acordo com os autos do processo, a suposta quadrilha aplicava o chamado “golpe do motoboy”. Nele, o estelionatário liga para a vítima fingindo ser um funcionário de banco que identifica uma transação suspeita ou irregular na conta. Ele solicita senha e outros dados sigilosos e depois envia um motoboy até a casa da pessoa para retirar o cartão do cliente, com a justificativa de que será devolvido ao banco. Com os dados do cliente, a senha e o chip em mãos, os golpistas fazem diversas compras, gerando prejuízos de milhares de reais.
“O modus operandi do grupo criminoso consistia em procurar potenciais vítimas, por meio de dados cadastrais colhidos em sítios eletrônicos, especialmente de pessoas idosas, em razão da maior vulnerabilidade”, diz trecho da ação contra Juninho Navarro. “Em posse do cartão e da senha, o grupo realizava saques, compras, empréstimos e transações via pix.”
“O grupo criminoso chegou a elaborar manuais contendo instruções e procedimentos para serem seguidos pelos seus integrantes visando o sucesso dos crimes cometidos, cujos documentos foram apreendidos”, continua o texto.
A reportagem teve acesso a boletins de ocorrência que registram a atuação da quadrilha. Em um deles, um homem de 67 anos de Capoeiras (SC) perdeu R$ 10 mil. Uma mulher de 66 anos de Florianópolis perdeu R$ 32 mil e um homem de 74 anos, também da capital, perdeu R$ 33 mil. Os três crimes foram registrados em dezembro de 2020.
OUTRO LADO
O advogado de Rayane, Carlos Lube, diz que o caso ainda está em fase de instrução, ou seja, na fase inicial. Ele afirma que não pode antecipar a tese da defesa, mas que tentará provar a inocência de sua cliente. “Vamos tentar a absolvição. Vamos fazer de tudo para que a Justiça reconheça que ela não teve participação no crime”, afirma.
No primeiro dia de confinamento em A Fazenda, Rayane disse para os colegas que foi ludibriada pelo ex-companheiro. “Conheci um cara e ele conseguiu me colocar num processo de estelionato. Hoje, estou na melhor fase da minha vida”, disse na ocasião.