SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após um inverno extremamente seco no estado de São Paulo, a primavera começa às 15h19 desta segunda-feira (22) com o cenário climatológico que deve marcar a estação este ano: pancadas de chuva acima da média.
Ao contrário de 2024, quando a estação teve muitas ondas de calor, a previsão para este ano indica chuva acima da média e temperatura na média, ou levemente abaixo, na região metropolitana de São Paulo. Já no interior do estado, a volta da precipitação também deve acabar com a temporada de seca e queimadas.
Para esta segunda, a Climatempo informa que uma forte frente fria vai passar sobre o estado, com potencial para provocar temporais e acentuada queda da temperatura nos primeiros dias da primavera.
“Haverá sensação de frio. Esta frente fria chega a São Paulo na segunda-feira, quando se inicia a nova estação, mas já aumenta o risco de temporais no estado na tarde e noite do domingo (21). Temporais são esperados para todo o estado durante a segunda, assim como uma acentuada queda da temperatura na região da cidade de São Paulo. Na terça e na quarta-feira a temperatura não deve passar dos 20°C”, diz Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo.
Guilherme Borges, meteorologista da startup de monitoramento climático FieldPro, completa afirmando que a tendência é que haja muitas frentes frias passando pelo estado até o dia 21 de dezembro, quando termina a primavera e inicia o verão. Isso será primordial para compor o cenário atmosférico, principalmente, na faixa leste paulista, da qual faz parte a Grande São Paulo.
Borges destaca que essas frentes frias devem ser muito impulsionadas pelo fenômeno La Niña, que está para se estabilizar, segundo a NOAA (Administração Nacional Atmosférica e Oceânica, dos Estados Unidos).
O La Niña é caracterizado pelo resfriamento em larga escala das temperaturas da superfície do oceano nas regiões central e oriental do Pacífico equatorial. Essa variação está associada a alterações na circulação atmosférica, como nos ventos, na pressão e nos padrões de precipitação.
Em agosto, a NOAA anunciou que havia 56% de chances de as condições neutras continuarem até outubro, sendo seguidas por um “breve período de La Niña” até as primeiras semanas do próximo verão. Depois disso, a agência espera que as condições neutras retornem.
Borges acredita que, mesmo sendo breve, o fenômeno influenciará diretamente o clima em São Paulo, trazendo o vento frio e úmido do oceano para o continente, o que deve favorecer o aumento da precipitação. Ele diz que a previsão é de que chova entre 10 mm e 30 mm acima do somatório da primavera.
Em setembro, por exemplo, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) ainda não registrou chuva na estação meteorológica do Mirante de Santana, na zona norte da capital, até esta sexta (19). A média climatológica do mês, no entanto, é de 83,3 mm. Com a previsão de chuva a partir desta segunda, a expectativa é que atinja a média esperada.
“Com a chuva ganhando mais intensidade, vai dar um alívio na questão dos níveis dos reservatórios da região metropolitana de São Paulo, que devem se recuperar”, afirma Borges, destacando que um outro fenômeno, conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul, vai trazer umidade e chuva da amazônia para as regiões Centro-Oeste e Sudeste e em parte do centro-sul da região Norte.
“Este ano devemos ter esses canais de umidade entre a amazônia e o Sudeste. Eles foram raros nos últimos anos, devido às fortes ondas de calor, e a tendência é que este ano, com poucos episódios de calor, tenhamos formações entre outubro e novembro”, diz Borges.
Com isso, as regiões centro, norte e oeste de São Paulo, que têm sofrido com muitos incêndios florestais, também deverão ter mais chuva a partir de agora, diminuindo os focos que mantêm as queimadas ativas.
O meteorologista explica que a previsão é que a chuva deva ser mais distribuída pelo estado como um todo, com a possibilidade de impactar mais uma região que outra no decorrer da estação.
Em relação à temperatura, ele diz que a tendência é que no interior os termômetros registrem marcas na média ou um pouco acima, uma vez que o ar é mais quente que na faixa leste do estado.
“A primavera vai chegar com essa característica de pancada de chuva, um volume bastante significativo para o estado e para o interior do país”, completa Borges.