SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ciberataque a um provedor de sistemas de check-in e embarque afetou as operações em vários aeroportos europeus importantes, incluindo Heathrow de Londres, o mais movimentado do continente, causando atrasos e 29 cancelamentos de voos neste sábado (20).

A Collins Aerospace, que fornece sistemas para várias companhias aéreas, está enfrentando um problema técnico que pode causar atrasos para passageiros na hora do embarque, disse o aeroporto de Heathrow.

Os aeroportos de Berlim e Bruxelas também foram afetados pelo ataque. Este último informou que 10 voos foram cancelados até o momento, com um atraso médio de uma hora para todas as partidas dos aviões —as empresas foram forçadas a inserir manualmente os dados dos passageiros que fizeram check-in no aeroporto ou tinham bagagem despachada.

Em Berlim, os atrasos são de 10 a 15 minutos no geral, com algumas exceções de maior espera. O check-in feito pelos totens, um sistema fechado no terminal, funciona normalmente. A dificuldade maior dos passageiros é despachar a bagagem.

O aeroporto de Frankfurt, o maior da Alemanha, não foi afetado, disse um porta-voz. Também é normal a operação em Munique, que abre neste sábado sua tradicional Oktoberfest, para o qual aguarda centenas de milhares de visitantes.

Segundo a agência federal de segurança digital (BSI, na sigla em alemão), o problema está limitado aos serviços aeroportuários, e não há risco para a operação aérea.

Em Heathrow, Berlim e Bruxelas, 29 partidas e chegadas foram canceladas até agora, disse a Cirium, provedora de dados de aviação. No total, 651 partidas estavam programadas de Heathrow, 228 de Bruxelas e 226 de Berlim neste sábado.

A Collins, uma empresa de tecnologia de aviação e defesa com sede em Iowa (EUA), disse que o problema foi detectado em um software chamado Muse, usado para processamento de passageiros. O sistema atende cerca de 300 companhias aéreas em cerca de cem aeroportos, segundo o site da empresa.

“O impacto está limitado ao check-in eletrônico de clientes e despacho de bagagens e pode ser mitigado com operações de check-in manual”, disse a RTX, controladora da companhia, em comunicado. Não foi fornecida nenhuma informação sobre quem poderia estar por trás do ataque.

Esse parece ser ao menos o segundo problema de segurança cibernética enfrentado pela empresa. Em 2023, os nomes, endereços e detalhes de contato de pilotos e outros funcionários afiliados às empresas parceiras da Collins foram supostamente vazados após um ataque reivindicado por um grupo de “ransomware” (bloqueio de informações mediante resgate).

Um porta-voz da Comissão Europeia disse que atualmente não havia indicações de um “ataque generalizado ou grave” e que a origem do incidente ainda está sob investigação.

Passageiros com voos programados para este sábado foram aconselhados pelos aeroportos afetados a confirmar suas viagens com as companhias aéreas antes de se dirigir ao aeroporto.

A British Airways, a maior companhia aérea em Heathrow, disse que não foi afetada porque tinha um sistema de backup que permitia continuar atendendo aos clientes.

A Delta Air Lines disse esperar impacto mínimo nos voos partindo dos três aeroportos afetados, acrescentando que havia implementado uma solução alternativa para minimizar o problema.

A EasyJet, que está entre as maiores companhias aéreas da Europa, disse estar operando normalmente no momento e não esperava que o problema impactasse seus voos pelo resto do dia.

Os aeroportos internacionais do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Guarulhos, em São Paulo, informaram por meio de suas assessorias de imprensa que não há alterações na programação dos voos.

A interrupção é a mais recente de uma série de ataques cibernéticos que têm como alvo governos e empresas em todo o mundo, atingindo setores como saúde e defesa, varejo e automóveis. Uma violação recente na montadora de carros de luxo Jaguar Land Rover interrompeu sua produção.

Rob Jardin, diretor digital da NymVPN, especialista em segurança cibernética, disse que o incidente destacou a vulnerabilidade da infraestrutura crítica quando ela depende de fornecedores terceirizados.

“Cada vez mais, os hackers não são apenas criminosos, mas estão sendo usados como arma por nações hostis contra a Europa, com as cadeias de suprimentos vistas como uma maneira fácil de causar o caos.”