RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou neste sábado (20) que milicianos mataram o homem suspeito de ser um dos organizadores da invasão de um grupo armado ao hospital municipal Pedro 2°, em Santa Cruz, na quinta-feira (18).

Oito homens armados, suspeitos de serem milicianos, renderam vigilante e agentes de saúde e entraram no centro cirúrgico para tentar matar Lucas Fernandes de Souza, que havia dado entrada no hospital baleado horas antes. Ele não foi encontrado pelo grupo porque já havia sido transferido para a enfermaria.

Segundo investigação, Lucas era suspeito de envolvimento com a milícia e teria passado para o Comando Vermelho. Por isso, era procurado pelo grupo rival.

Depois do caso, o paciente foi transferido para o hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul.

O homem morto teria sido atacado por outros milicianos que temeram uma possível ação policial, segundo a Civil.

Um colete falsificado da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) foi deixado próximo ao corpo. Testemunhas da invasão haviam afirmado que um dos oito homens usava um uniforme semelhante ao da Polícia Civil.

“Desde o primeiro momento, a Polícia Civil já havia identificado o criminoso. As diligências da DRE-BF estavam no encalço do grupo, que, sabendo estar prestes a ser preso nas próximas horas, decidiu executar um de seus integrantes, na tentativa de evitar um confronto com a polícia”, afirmou o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.

O homem morto tinha passagem pela polícia por posse ilegal de arma de fogo, receptação, adulteração de carro e formação de quadrilha. Ele foi condenado em 2018 e passou para o regime semiaberto em 2020.

Outros sete suspeitos ainda são procurados. A polícia não revelou os nomes.

A invasão aconteceu por volta das 2h30 de quinta. Câmeras de segurança de diferentes pontos do hospital mostram que homens entraram pela cancela da garagem, onde havia um vigilante e um agente de saúde. Um deles, encapuzado e armado com um fuzil, desembarcou e rendeu os funcionários.

A cancela foi levantada e dois carros entraram. Dentro da unidade de saúde, os suspeitos caminharam até o centro cirúrgico. Um policial militar de prontidão no hospital pediu reforço, mas o grupo fugiu antes da chegada das equipes.

O episódio gerou atrito entre a prefeitura e o governo estadual. A secretaria municipal de Saúde, comandada pelo deputado federal licenciado Daniel Soranz (PSD), divulgou pela manhã que unidades de atenção primária suspenderam atendimento por questões de segurança 516 vezes de janeiro a julho deste ano.

O dado foi contestado pelo secretário estadual de Segurança Pública, Victor dos Santos, que chamou Soranz de mentiroso.

Em nova nota, Soranz disse que sua pasta mandou nesta quinta “relatório atualizado com o dia e a hora em que cada unidade de saúde foi obrigada a interromper o atendimento por motivos de segurança”.