SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mercado de imóveis residenciais de alto padrão em São Paulo manteve o fôlego em 2025, mesmo diante de um semestre mais lento. Segundo levantamento da startup Pilar, com base em dados do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) da cidade, as vendas de unidades acima de R$ 2 milhões caíram 11% no primeiro semestre em relação ao segundo semestre de 2024. Na comparação anual, porém, houve avanço de 7%, sinalizando resiliência do segmento em meio a um cenário de juros altos e inflação.

“A busca por qualidade de vida e por produtos bem localizados continua a sustentar os preços e a liquidez”, afirma Felipe Abramovay, CEO da Pilar —plataforma especializada no alto padrão em bairros centrais como Jardins, Consolação, Itaim Bibi, Pacaembu e Higienópolis.

A zona sul segue como a região mais valorizada da cidade, movimentando R$ 4 bilhões no semestre. Dentro dessa região, a Vila Nova Conceição se destacou, com R$ 648 milhões em VGV, enquanto o Jardim Paulistano registrou o maior ticket médio do semestre, de R$ 14,2 milhões por transação —40% acima do Morumbi, que ficou em segundo lugar, com R$ 10 milhões.

“O Jardim Paulistano e outros bairros da região do Jardins continua dispondo de atributos muito valorizados: localização extremamente central, tradição, entretenimento, clubes e serviços exclusivos. Esses fatores tornam sua valorização menos sujeita a ciclos agressivos de queda”, afirma o empresário.

No entanto, ele diz que o ritmo de crescimento de preços deve ser mais moderado. “Ainda existe espaço para crescimento, mas creio que será em taxas menores do que se vê em regiões menos exploradas ou com maior margem de valorização.”

O Morumbi, tradicionalmente uma área de alto padrão, tem mostrado sinais de recuperação, com aumento tanto no VGV quanto no ticket médio. O bairro tem atraído cada vez mais pessoas em busca de espaço e áreas externas verdes, atributos que se tornaram ainda mais valorizados no pós-pandemia, diz Abramovay. Ele destaca que o Morumbi tem se tornado mais competitivo, especialmente quando comparado a bairros mais caros, como o Jardins.

Outro destaque foi Pinheiros, que sobressaiu entre as regiões da cidade com crescimento expressivo, dobrando o número de vendas e alcançando um aumento de 120% no VGV em comparação ao primeiro semestre de 2024. O aumento foi o maior entre todas as regiões analisadas, o que reflete o processo de revitalização do bairro, especialmente na região do largo da Batata, onde novos empreendimentos estão transformando a área.

Segundo Abramovay, o segundo trimestre trouxe uma aceleração em relação aos primeiros três meses do ano, em linha com a sazonalidade do setor. Porém, o desempenho geral ainda ficou abaixo do registrado no mesmo período de 2024.

“A queda reflete tanto cautela dos compradores em faixas mais elevadas quanto ajustes cíclicos. Apesar da redução versus o segundo semestre de 2024, comparado ao primeiro semestre do ano anterior, o segmento acima de R$ 2 milhões teve um crescimento de 7%, o que demonstra a resiliência do mercado e uma dependência menor de crédito diante de um cenário de juros altos”, afirma o CEO da Pilar.

“Observamos que compradores com imóveis de superalto padrão [acima de R$ 10 milhões] têm adiado decisões, especialmente quando o retorno de aplicações financeiras está elevado. Mas acreditamos que, com a expectativa de recuo dos juros, pode haver uma liberação dessa demanda represada”, diz.