CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil afirma ter localizado na madrugada desta sexta-feira (19) os corpos dos quatro homens que estavam desaparecidos desde 5 de agosto em Icaraíma, no interior do Paraná.

“Estavam enterrados juntos em uma vala, iniciando-se um processo de decomposição, mas sendo possível uma identificação visual preliminar. Eles estavam com perfurações de armas de fogo, e os pertences deles também estavam na mesma vala”, disse o secretário estadual da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira.

Eles são Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza, mas a confirmação oficial da identidade dos corpos ainda será feita pela Polícia Científica, por meio de exames periciais.

A vala estava em uma área de mata, mas dentro de um terreno particular —o nome do proprietário não foi divulgado. O local fica próximo do ponto onde foi localizado, há uma semana, o veículo Fiat Toro, usado pelos quatro homens. O carro estava enterrado, com perfurações de arma de fogo e vestígios de sangue.

Por volta das 23h desta quinta-feira (18), as equipes localizaram uma área com sinais de alteração no solo, dissimulada sob galhos e vegetação seca. Com as escavações no local, os corpos foram encontrados, já na madrugada desta sexta.

Conforme a corporação, os quatro homens teriam ido a uma propriedade da família Buscariollo para cobrar uma dívida. Depois disso, não foram mais encontrados.

A Polícia Civil procura Antônio Buscariollo e um filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, sob suspeita de envolvimento nas mortes. Os dois são considerados foragidos.

De acordo com as investigações, um dos homens, Alencar, morador de Icaraíma, contratou os outros três (Robishley, Rafael e Diego) para realizar a cobrança de uma dívida que a família Buscariollo teria com ele.

O delegado Thiago Andrade Inácio afirmou que o grupo contratado “trabalhava com cobrança de dívida”. Questionado de que forma era feita a cobrança, o delegado afirmou que seria “uma cobrança verbal, sem uso de violência física”, mas não deu outros detalhes.

Em nota à Folha de S.Paulo nesta sexta, o advogado Renan Farah, que atua na defesa dos foragidos, disse que pai e filho não são os responsáveis pelo crime. “A defesa lamenta e manifesta seu profundo pesar às famílias das vítimas. No entanto, a localização dos corpos, em propriedade de pessoa que não tem qualquer relacionamento com a família Buscariollo, reforça a nossa defesa de negativa de autoria, ou seja, que não tiveram qualquer participação com esses homicídios”, disse ele.

Farah acrescentou que os corpos serão importantes na identificação “dos verdadeiros culpados pelas mortes”.

Ainda segundo o advogado, pai e filho fugiram porque foram ameaçados de morte. Farah acrescentou que também recebeu ameaças quando passou a atuar na defesa deles. “A mesma voz ligou no meu escritório me ameaçando. Disse que os Buscariollos estão já marcados para morrer e que, se eu não saísse da defesa deles, iria morrer também”, afirmou o advogado à reportagem.

Robishley, Rafael e Diego, os três homens contratados, eram moradores do interior do estado de São Paulo —dois de São José do Rio Preto e um de Olímpia. Eles viajaram até a cidade paranaense e se encontraram com Alencar em uma segunda-feira, 4 de agosto. Na sequência, o grupo foi até uma propriedade rural no distrito de Vila Rica, em Icaraíma, onde fizeram o primeiro contato com um membro da família devedora.

Ficou combinado que retornariam ao local no dia seguinte para dar continuidade à negociação. Em 5 de agosto, por volta do meio-dia, os quatro deixaram de atender ligações e mensagens.

No mesmo dia, familiares de Alencar registraram ocorrência na Polícia Militar. No dia 6, parentes dos outros três também procuraram a Polícia Civil em São Paulo para relatar o desaparecimento. A partir daí, equipes das polícias de Icaraíma e Umuarama iniciaram as buscas, encerradas agora, após 44 dias.