SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa renovou recorde histórico de fechamento nesta sexta-feira (19), com alta de 0,25%, a 145.865, em pregão esvaziado de indicadores no Brasil e no exterior.

Durante a sessão, o Ibovespa também registrou a máxima histórica intradiária, ao alcançar os 146.399 pontos.

O dólar, por sua vez, encerrou a sexta com alta de 0,02%, cotado a R$ 5,320 e próximo da estabilidade, destoando do cenário internacional. O índice DXY, que compara a moeda com outras seis divisas do mundo, avançou 0,29%, a 97,65 pontos.

A movimentação da Bolsa acompanhou a valorização das ações de Bradesco, BTG e Eletrobras. Os papéis ordinários do Bradesco, subiram 1,68% durante o dia, após o banco aprovar a distribuição de parte de seus lucros aos acionistas nesta sexta.

O BTG também foi um dos destaques do pregão com alta de 1,58%. As ações da empresa do setor elétrico, por sua vez, avançaram 3,16%.

Segundo Gustavo Trotta, especialista e sócio da Valor Investimentos, o Ibovespa apresenta uma retomada nesta sexta, após a decisão do Copom refletir no pregão da última quinta. “A gente teve um Ibovespa mais lateralizado [na quinta-feira]. E hoje a gente vê a recuperação”.

Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o mercado do dia ainda reverbera o comunicado do BC sobre a taxa de juros. “O tom do comunicado foi considerado mais duro do que o esperado, o que ajuda na atração de investimentos estrangeiros. […] Por isso, a pressão é baixista para a taxa de câmbio do real”, afirma.

A entrada de capital estrangeiro justifica o bom momento da Bolsa, diz Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “O investidor estrangeiro olha para aplicações de longo prazo e precisa achar que compensa. A última temporada de balanços de empresas brasileiras foi a melhor em anos”.

Leonardo Santana, especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, diz que o Ibovespa bateu recordes após o mercado precificar o corte de juros nos EUA. “E toda essa alta vem, sem dúvidas, desse cenário macro internacional”, afirma.

Durante a semana, o dólar e o Ibovespa se beneficiaram do corte de 0,25 ponto percentual do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) e da decisão do Banco Central manter a Selic em 15% ao ano.

O ciclo de queda nos juros americanos aumenta a diferença entre as taxas dos Estados Unidos e do Brasil e beneficiar ativos brasileiros, segurando uma alta do dólar ante o real.

Quanto maior essa diferença, mais rentável é a estratégia conhecida como “carry trade”. Nela, pega-se dinheiro emprestado a taxas baixas, como a dos EUA, para investir em ativos com alta rentabilidade, como a renda fixa brasileira.

Assim, quanto mais atrativo o carry trade, mais dólares tendem a entrar no Brasil, o que ajuda a valorizar o real.

Um reflexo da animação dos investidores aconteceu na terça (16), véspera da “Superquarta”, quando o dólar fechou com queda de 0,43%, a R$ 5,298, menor patamar desde junho de 2024.

No cenário doméstico, o mercado do dia repercutiu os fatos políticos desta sexta-feira. Ao contrário dos últimos pregões às decisões do Fed e BC, os investidores acompanharam as negociações envolvendo o pacote de anistia aos condenados por atos golpistas.

O relator da anistia, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), pretende mudar o foco da discussão e passar a chamar o projeto a partir de agora de PL da Dosimetria das Penas.

Na prática, isso levaria à redução de penas de presos do 8 de janeiro, por exemplo, e mesmo do núcleo decisório do golpe, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda por aqui, o Banco Central vendeu nesta sexta um total de US$ 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) em dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) simultâneos para rolagem do vencimento de outubro.

Os leilões são intervenções do BC no câmbio. Na prática, eles servem para aumentar a quantidade de dólares disponíveis para os investidores, seguindo a lei da oferta e demanda. Ou seja, quanto mais moeda puder ser comprada, menor deve ser a cotação dela.

No exterior, o mercado acompanhou o telefonema entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, nesta sexta, em meio à guerra comercial.

Os líderes se falaram nesta sexta sobre as tensões que envolvem os países, como as tarifas e o acordo para manter o TikTok funcionando nos EUA. A conversa foi confirmada por diferentes veículos estatais chineses e pelo próprio Trump. Segundo o jornal China Daily, o diálogo foi “pragmático, positivo e construtivo”.

“Fizemos progressos em muitas questões muito importantes, incluindo comércio, fentanil, a necessidade de pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e a aprovação do acordo do TikTok”, afirmou Trump em post no Truth Social.