WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) decidiu que não viajará a Nova York, apesar de ter recebido visto dos Estados Unidos para comparecer à Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) na semana que vem.

No ano passado, Haddad foi a NY e participou de reuniões com as agências internacionais de classificação de risco.

Segundo a Fazenda, desta vez, o ministro resolveu priorizar a agenda doméstica em vez de participar do evento ao lado do presidente Lula (PT). A decisão também ocorre no pior momento da relação entre Brasil e Estados Unidos em 200 anos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas de 50% a produtos importados do Brasil e o governo brasileiro não têm conseguido negociar a reversão das sobretaxas. Trump alegou motivos políticos, com o que vê como perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na aplicação da medida, e Lula não está disposto a negociar recuos nessa seara.

Ainda assim, segundo a Fazenda, o que motivou a permanência do ministro no Brasil foi a agenda no Parlamento. A expectativa de Haddad é que o Congresso possa analisar na próxima semana o projeto de lei que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda a R$ 5.000.

A Câmara dos Deputados aprovou no mês passado o requerimento de urgência da proposta, mas o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), adiou a análise do texto para discutir a pauta que pode anistiar condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O ministro da Fazenda também conta com a chance de o Congresso votar a medida provisória (MP) com um pacote de aumento de impostos.

A MP foi publicada em junho e entrou em vigor imediatamente. A maior parte de seus efeitos, porém, passará a valer em 2026 e dependem de referendo do Congresso Nacional. O governo prevê arrecadar R$ 10,5 bilhões em 2025 e R$ 20,9 bilhões em 2026 com o pacote.