MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) visitou nesta sexta (19) a deputada Carla Zambelli (PL-SP) no presídio de Rebibbia, em Roma, onde ela está detida desde o fim de julho. Ele estava acompanhado pelos senadores Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES), além do deputado Cabo Gilberto (PL-PB).

Após o encontro de cerca de duas horas, os senadores defenderam que a deputada cumpra sua pena na Itália, em prisão domiciliar, sem ser extraditada para o Brasil.

“Faço um apelo ao ministro da Justiça italiano para que, assim como o presidente Bolsonaro atendeu a um pleito da nação italiana devolvendo o terrorista Cesare Battisti para a Itália, deixe a Carla em prisão domiciliar aqui na Itália”, disse Flávio Bolsonaro, segundo o UOL.

A extradição de Battisti foi autorizada em 2018 pelo então presidente Michel Temer. O italiano foi depois detido em 2019, na Bolívia, e mandado para a Itália, no primeiro ano do governo Bolsonaro.

Neste sábado (20), os senadores devem se encontrar com um grupo de brasileiros em um hotel de Roma. No domingo, Flávio Bolsonaro participará, no norte da Itália, de um evento anual da Liga, partido do vice-premiê Matteo Salvini. Devem estar presentes expoentes da ultradireita europeia, como o francês Jordan Bardella, do partido de Marine Le Pen.

Por determinação da Justiça italiana, Zambelli espera em regime fechado a tramitação de seu processo de extradição para o Brasil. No fim de agosto, a Corte de Apelação de Roma rejeitou o pedido da defesa para que a congressista aguardasse em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

Os juízes argumentaram que o estado da saúde de Zambelli era compatível com o cárcere, conforme comprovado por uma perícia médica, e que existia o risco de nova fuga da brasileira.

A congressista chegou à Itália em junho, após fugir do Brasil para escapar da condenação de dez anos de prisão determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ela foi acusada de participar da invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Depois de quase dois meses como foragida na Itália, Zambelli foi presa no fim de julho. Ela se diz vítima de perseguição política no Brasil.

Aguardado para as próximas semanas, o próximo passo no processo de extradição será o parecer do Ministério Público de Roma sobre o caso. Em seguida, a Corte de Apelação, equivalente à primeira instância, marcará uma audiência para discutir se existem ou não requisitos para que Zambelli seja enviada ao Brasil. A decisão é esperada para o fim de outubro.

Depois, eventuais recursos serão analisados pela Corte de Cassação, que, em se tratando de pessoa detida, pode levar entre três e quatro meses para decidir. Por fim, o governo italiano, após a decisão final da Justiça, tem 45 dias para dar a última palavra sobre a extradição.