SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma nova diretriz alterou o patamar de pressão arterial considerada de risco no Brasil. Agora, para não ser enquadrada como pré-hipertensão a pressão arterial sistólica deve estar abaixo de 120 mmHg, e a diastólica deve ser inferior a 80 mmHg.
A nova recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), anunciada nesta quinta-feira (19) no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, em São Paulo, passa a considerar o famoso “12 por 8” um alerta, um quadro que merece atenção.
Segundo Andréa Brandão, coordenadora da nova diretriz de hipertensão 2025 da SBC, o objetivo não é assustar, mas prevenir. As diretrizes internacionais já colocavam como pré-hipertensão a pressão de 12 a 13 por 9 (máxima) e entre 8 e 8 por 9 (mínima).
“O objetivo da redefinição é que os indivíduos com 12 de pressão sejam rotulados como pré-hipertensos para que tomem medidas preventivas, evitem a hipertensão e adotem medidas não medicamentosas como não fumar, não ingerir bebida alcoólica, ter uma dieta saudável, fazer exercícios, não comer muito sal e controlar o peso”, diz Andréa.
De acordo com a nova diretriz, o nível de pressão arterial que caracteriza um quadro de hipertensão permanece igual ou superior a 14 por 9. A marca a ser atingida pelos pacientes que têm a doença é de 13 por 8.
“A pressão arterial num patamar abaixo de 13 por 8 é outra novidade da nossa diretriz. Estudos mais recentes mostraram que a pressão abaixo de 14 por 9 já é algo bom, mas [quando é] inferior a 13 por 8 a redução do risco é significativamente maior. Então, essa é uma meta única que foi recomendada para todos os indivíduos hipertensos.”
A recomendação é que a pressão arterial seja aferida a partir dos 3 anos de idade, anualmente. Se a criança tiver doença congênita, ainda antes. A mesma periodicidade vale para adolescentes e adultos jovens.
Os idosos têm chance maior de desenvolver pressão alta, de acordo com a cardiologista.
“A partir de 65 anos, 60%, 70% dos idosos têm hipertensão arterial. A mulher a partir da menopausa e o homem a partir de 55, 60 anos devem medir a pressão com mais frequência. Se não sente nada, nem tem doença, pelo menos a cada seis meses. Se houver outras doenças em acompanhamento, meça a pressão sempre que possível”, afirma a médica.
As diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendam, para adultos e idosos, pelo menos de 150 a 300 minutos por semana de atividade física moderada ou de 75 a 150 minutos de atividade vigorosa. Esses grupos também devem praticar fortalecimento muscular em, pelo menos, dois dias na semana.
“No Brasil, de 30% a 32% da população adulta têm hipertensão arterial. São milhões e milhões de brasileiros que terão que tomar remédio para o resto da vida e ter esses cuidados, porque estão expostos a um risco maior de complicações cardiovasculares. Precisamos ficar atentos a uma realidade que vem perdurando há muitos anos”, finaliza Andréa Brandão.