(FOLHAPRESS) – Óculos que te permitem navegar nas redes sociais sem se mover e fones que traduzem conversas, degrau entre juros no Brasil e nos EUA pode favorecer o câmbio, BTG repaginado, o que aconteceu com a Vice e o que importa no mercado nesta sexta-feira (19).
**GADGETS, PARA QUE TE QUERO?**
Nas últimas semanas, big techs lançaram produtos que parecem saídos de filmes de ficção científica.
META
Divulgou seus primeiros óculos inteligentes com tela embutida, em uma tentativa de ampliar o sucesso da linha Ray-Ban, considerada a primeira empreitada bem-sucedida em produtos do tipo.
O Meta Ray-Ban Display tem um pequeno visor digital na lente direita para tarefas básicas, como exibir notificações e prévias do que a câmera vai capturar. Os óculos vêm acompanhados de uma pulseira que detecta gestos das mãos. Com ela, será possível selecionar respostas rápidas no WhatsApp e rolar o feed do Instagram.
APPLE
Lançou os AirPods Pro 3, que chegam às lojas nos Estados Unidos hoje custando US$ 250 (R$ 1.327). Eles usam inteligência artificial para traduzir falas em diferentes línguas para outra escolhida pelo usuário.
Depois da interação, o dono do dispositivo pode analisar uma transcrição da conversa e conferir se a interpretação do aparelho tem erros ou foi imprecisa. Fora essa função, os fones são pouco diferentes da sua versão anterior.
AS APARÊNCIAS ENGANAM
A Apple é criticada no mercado de tecnologia por estar atrasada no desenvolvimento de inteligência artificial quando comparada às concorrentes.
Contudo, os novos fones oferecem uma forma sutil de integrar a IA ao cotidiano, tornando-o mais prático. O produto foi bem avaliado em resenhas que saíram antes da venda geral.
TÁ NA CARA?
Os óculos ainda não caíram no gosto do público, mas podem representar um avanço na direção do que Mark Zuckerberg gosta de chamar de formato ideal para a aplicação da superinteligência -conceito em que a tecnologia superará a inteligência humana.
Os óculos inteligentes da Meta têm maior integração com os modelos de IA da empresa, aproveitando a tela para oferecer novas opções de interação visual. Mesmo com toda a pompa e circunstância, a Meta ainda fica atrás de rivais como a OpenAI e o Google, da Alphabet, no desenvolvimento de modelos avançados de IA.
Essas são algumas formas nas quais a inteligência artificial pode estar embrenhada no nosso cotidiano, sem ser através apenas de um chatbot, como o ChatGPT. Resta ao leitor se perguntar: o que é mais útil? Um gadget inusitado ou um bom e velho smartphone?
**TEM DÓLAR SOBRANDO?**
Que os juros caíram nos EUA e permaneceram inalterados no Brasil, você já sabe -afinal, é um leitor assíduo da FolhaMercado, né? Caso tenha perdido algum capítulo do noticiário, aí vai um replay.
O Federal Reserve, banco central americano, reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Com isso, ela passou a variar entre 4,00 a 4,25% ao ano.
No Brasil, o Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano.
Pois bem, hoje vamos falar sobre o que isso pode significar para o câmbio. O aumento da diferença entre as taxas daqui e de lá deve favorecer ativos brasileiros, segurando uma alta do dólar frente ao real.
COMO ASSIM?
Quanto maior essa diferença, mais rentável é a estratégia de investimento conhecida como “carry trade”. Nela, pega-se dinheiro emprestado a taxas mais baixas, como a dos EUA, para investir em ativos com alta rentabilidade, como a renda fixa brasileira.
Assim, quanto mais atrativo o carry trade, mais dólares tendem a entrar no Brasil, o que ajuda a valorizar o real.
A PREÇO DE BANANA
Outro fator que contribui para a valorização do real é a fraqueza do dólar ante seus pares globais, medida pelo índice DXY -conhecido por aí como o índice do medo.
Neste ano, o indicador recua 10%, com a precificação de queda de juros nos EUA e a política econômica do governo de Donald Trump, que reduz a confiança de investidores na moeda americana.
“Quanto mais se amplia o diferencial de juros, mais fica difícil ver uma forte valorização do dólar. Mesmo com a eleição indefinida, os juros seguram o câmbio”, diz William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.
As eleições presidenciais de 2026 no Brasil podem mexer com o câmbio: quando sentem incerteza no cenário econômico, investidores procuram o dólar como forma de proteger o patrimônio, ação que acaba por valorizar a divisa americana frente ao real.
O que o especialista diz é que, mesmo com um cenário incerto para o ano que vem, é possível que o degrau de juros entre Brasil e EUA ajude a segurar a variação do câmbio em um ano tenso.
E EU COM ISSO?
O leitor da newsletter nunca sai de mãos abanando. Aí vão indicações do economista para seus investimentos.
Ele recomenda que investidores aproveitem a baixa do dólar e invistam na moeda, alocando em instrumentos como os títulos do Tesouro americano (treasuries), por mais que sua rentabilidade esteja caindo, para esperar uma eventual baixa no mercado de ações americano.
**MUDANÇA DE PERSONALIDADE**
Quando Roberto Sallouti diz que seu banco, o BTG Pactual, está diversificando sua receita, ele realmente fala sério.
Dez anos atrás, quando Sallouti assumiu como presidente, a área de sales & trading representava a maioria da receita do BTG, com corporate lending e asset e wealth management responsáveis por parcelas muito menores no balanço.
Agora, corporate lending sozinho representa um negócio de R$ 7,6 bilhões, que no ano passado ultrapassou sales & trading pela primeira vez na história do banco.
E os recursos de terceiros sob gestão mais que quintuplicaram, enquanto as fortunas sob gestão mais que dobraram -juntos, os dois negócios representam quase um quarto da receita do BTG.
PARE
Vamos com calma. Aí vai um glossário do que significam esses nomes.
– Sales & Trading (vendas e negociações) é a área do banco responsável por conectar as partes interessadas em realizar transações. Em instituições onde esta área é muito forte, como o BTG, em geral, significa que ele é forte nos investimentos.
– Corporate lending (empréstimos corporativos) é a parte responsável pela concessão de créditos para empresas.
– Asset management é o setor que gere fundos de investimento, e wealth management é a parte que gerencia o patrimônio de clientes, pessoas físicas e jurídicas.
Há uma década, o BTG era visto pelo mercado como uma instituição focada nas vendas e negociações de ativos, seja dos clientes ou dele próprio. Nos últimos anos se tornou um banco mais completo: mais patrimônio e efetivo em diferentes setores.
NÃO FOI MÁGICA
Uma onda de aquisições ajudou o banco a ampliar sua base de clientes, reacendendo ambições globais que haviam sido adiadas.
O BTG também construiu um negócio de empréstimos sindicalizados e desenvolveu uma rede de assessores de investimentos para atender a crescente classe média da América Latina.
Deu bom: as ações subiram quase 70% este ano, mais do que qualquer outro grande banco na América Latina, e no último trimestre seu retorno sobre o patrimônio líquido atingiu 27%.
TÁ, E A AGORA?
“O BTG foi um investimento espetacular nos últimos anos”, disse Murilo Arruda, sócio-fundador da gestora de ações Morada Capital, com sede em São Paulo. Agora, ele disse, é difícil saber “qual coelho eles vão tirar da cartola para manter seu nível atual de rentabilidade”.
Apesar de sua recente sequência de sucessos, as demonstrações financeiras do BTG ainda frustram alguns observadores, que temem que a falta de transparência do banco em relação a certas métricas não esteja alinhada com suas ambições globais.
“Você não sabe o que está dentro do business de sales & trading”, disse Arruda, da Morada Capital, que acredita que o BTG poderia atrair ainda mais investidores se divulgasse suas operações em mais detalhes.
**PARA VER**
VICE IS BROKE (2024)
_Mubi e Prime Video, 102 minutos._
Zine é o nome dado pelo mercado de comunicação a uma publicação de baixa tiragem, criada por uma pessoa ou pequeno grupo para expressar o que quer -a ideia é que seja algo bastante original.
É nesse formato que nasceu a Vice, um dos portais de informação que marcaram o boom das redes sociais nos anos 2010.
A zine pop punk virou veículo jornalístico e ganhou popularidade com reportagens inusitadas: a visita de um jornalista novato à guerra da Síria (da qual ele mal conseguiu sair), um relato da vez que um repórter tocou a mesma música na jukebox de um bar até ser expulso e a história de uma cidade pequena chamada Oniontown (cidade da cebola).
O documentário, dirigido por Eddie Huang -chef, autor e apresentador que trabalhou na Vice-, conta a história de como o título saiu de uma revista independente para tornar-se um gigante da mídia e, então, virar algo no meio do caminho entre essas duas coisas.
O objetivo do longa é encontrar os erros e os acertos da gestão do portal que, na década passada, ditava o que era ou não descolado. O documentário também é uma forma de fazer a Vice pagar o que deve a Huang, uma dívida que, segundo ele, é bem grande.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
NA FRENTE ORIENTAL
A Huawei anunciou chips de IA e outras tecnologias para desafiar a liderança da Nvidia no setor.
NA OCIDENTAL
A Nvidia anunciou um investimento de US$ 5 bilhões na Intel e firmou uma parceria para desenvolverem chips em conjunto.
FINALMENTE
A Natura vendeu a unidade Avon International a um veículo de aquisição do grupo Regent por 1 libra esterlina, valor que pode ser elevado a depender do atingimento de algumas condições.
POR FAVORZINHO
Donald Trump pede à Suprema Corte dos EUA que permita a demissão da diretora do Federal Reserve Lisa Cook. Uma corte de apelações barrou a exoneração.
RISCO ARGENTINA
O peso e a bolsa caíram no pregão de ontem, o que fez o risco de investir na Argentina atingir o maior patamar em um ano.