SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – David Letterman, ex-apresentador e criador do Late Show, da CBS, se pronunciou sobre a suspensão do talk-show de Jimmy Kimmel, o Jimmy Kimmel Live!, um dia depois do acontecido. Durante o seu programa de segunda-feira, Kimmel falou sobre o assassinato de Charlie Kirk.
Em um debate para o evento jornalístico The Atlantic Festival, Letterman disse que a presidência de Donald Trump é uma “administração autoritária e criminosa” e afirmou nunca ter tido o seu humor político “pressionado por agências do governo”.
“Sabe, eu me sinto mal com isso porque todos nós vemos onde isso vai parar, certo? É mídia controlada. E não é bom. É tolo. É ridículo,” disse Letterman em conversa com o editor da Atlantic, Jeffrey Goldberg. “E você não pode sair por aí demitindo alguém porque está com medo ou tentando bajular uma administração autoritária -criminosa- na Casa Branca. Simplesmente não é assim que isso funciona.”
Letterman, que também foi apresentador do Late Night, da NBC, ainda falou sobre o presidente da Comissão Federal de Comunicações, Brendan Carr, que criticou as falas de Kimmel sobre a morte de Kirk.
“Esse cara da FCC [Comissão Federal de Comunicações] disse: ‘Podemos fazer as coisas do jeito fácil. Podemos fazer as coisas do jeito difícil’. Quem está contratando esses capangas? Mario Puzo”. Letterman, que tem trocado mensagens com Kimmel, ainda adicionou que o apresentador “está muito bem” diante da suspensão de seu programa e da repercussão do caso.
“E no mundo de alguém que é autoritário, talvez uma ditadura, mais cedo ou mais tarde, todos serão afetados”, acrescentou ele, que também citou o caso de Stephen Colbert, atual apresentador do Late Show. Em julho, a CBS anunciou que o programa será encerrado em maio de 2026, alegando questões orçamentárias.
O Jimmy Kimmel Live!, que ia ao ar pela ABC News, foi suspenso indefinidamente nesta quarta-feira (17) após Kimmel comentar a morte de Charlie Kirk, influenciador pró-Trump que foi alvejado na semana passada.
Kimmel disse em seu programa que “a turma do Maga [movimento Make America Great Again] está desesperada para caracterizar esse garoto que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e fazendo de tudo para tirar proveito político disso”.
“Entre uma acusação e outra, também houve luto”, acrescentou. Exibido desde 2003, o seu programa é o segundo talk-show há mais tempo no ar com um mesmo apresentador na história da televisão americana.
O anúncio da suspensão foi feita pela empresa Nexstar, que detém afiliadas da ABC, que tem buscado a aprovação da Comissão Federal de Comunicações para uma grande fusão em andamento, que ampliaria o seu alcance televisivo para 90% dos domicílios americanos.
O motivo do imbróglio anterior era uma acusação de que a empresa teria transmitido uma entrevista, durante as eleições presidenciais, que favorecia a sua então adversária democrata Kamala Harris.