SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A marginal Pinheiros é a via com mais acidentes na capital paulista, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (18) pelo Infosiga, sistema estadual de monitoramento da violência do trânsito no estado de São Paulo.
Reformulada, a ferramenta passou a rankear as dez vias com mais sinistros de trânsito nos municípios paulistas, incluindo os não fatais, os que tiveram óbitos e o total de mortes nos últimos 12 meses, ou seja, entre setembro de 2024 a agosto do ano passado.
Em geral, esse recorte é composto por grandes avenidas, como as marginais Pinheiros e Tietê, e trechos urbanos de rodovias.
Ao todo, a marginal Pinheiros somou no período 279 acidentes, sendo que desses quatro foram fatais, com quatro mortes.
As duas marginais oscilam velocidade máxima entre 50 km/h a 90 km/h, dependendo da faixa de rolamento. Os limites das duas marginais foram ampliados em 2017 no início da gestão João Doria (na época no PSDB e hoje sem partido).
Em nota, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) diz fazer monitoramento contínuo por agentes nas vias que concentram o maior volume de ocorrências.
Nos pontos críticos, explica, houve aumento das ações de orientação e fiscalização, como é o caso da marginal Pinheiros e das avenidas do Estado e Dona Belmira Marin.
“Especificamente na marginal, houve modernização dos painéis de mensagens variáveis e de câmeras de monitoramento, proibição de motocicletas na pista expressa [sentido Interlagos/Castelo], ampliação do trecho da faixa azul na avenida das Nações e revitalização de sinalização horizontal e vertical”, afirma a gestão Ricardo Nunes (MDB).
O ranking do Infosiga conta com um indicador, chamado de UPS, que é uma média de sinistros fatais e não fatais, utilizada para destacar aqueles com óbitos, a partir de cálculos matemáticos.
Com 1.427, a marginal Pinheiros tem o maior indicador, apesar de não ser a campeã de mortes no trânsito no período.
O trecho que corta o município da rodovia Raposo Tavares, por exemplo, somou 11 óbitos em nove acidentes fatais. Sua UPS, conforme a ferramenta de dados, é de 1.362. A estrada é a segunda colocada no ranking de acidentes na capital.
Em nota, a concessionária Ecovias Raposo Castello, que desde 30 de março administra a Raposo entre São Paulo e Cotia, na região metropolitana, afirma ter diversas ações voltadas à redução de acidentes e mortes.
A empresa diz ter implantado o PRA (Programa de Redução de Acidentes), conduzido por uma comissão de segurança viária.
“Sua função é analisar todos os acidentes no trecho para, com base neles, identificar padrões para desenvolver e acompanhar a implantação de iniciativas que mitiguem riscos para os usuários”, afirma.
Especificamente na Raposo, a Ecovias, a concessionária diz realizar ações de manutenção e reparo que contribuem aumentar a segurança, como antecipação na recuperação de iluminação e reinstalação de câmeras de monitoramento.
O maior número de mortes no período foi registrado no trecho urbano da rodovia Fernão Dias, com 15 óbitos em 14 sinistros fatais. Mas, com apenas 140 acidentes em geral no período, fica na 10ª posição desta classificação.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a partir de dados do próprio Infosiga, o km 60 da Fernão Dias, onde fica o bairro Parque Edu Chaves, quase divisa com Guarulhos, na zona leste, é onde houve mais mortes no município na última década,
Neste ponto, em um raio de 50 metros, foram registrados 21 acidentes fatais -a maioria, de pedestres que tentaram atravessar a rodovia entre os carros e foram atingidos antes de chegar ao outro lado.
Na época, a concessionária Arteris afirmou que a rodovia dispõe de 26 passarelas no trecho paulista e que promove ações educativas para conscientizar a população sobre travessia segura.
NA CAPITAL, MORTES CRESCEM EM AGOSTO
No geral, na comparação com os primeiros oito meses de 2024, o número de mortes teve pequena queda neste ano na cidade de São Paulo. Caiu de 693 óbitos para 672 (diminuição de 3%).
Entretanto, quando se compara os meses de agosto dos dois anos, o crescimento foi de 31%.
A morte de motociclistas, responsável por 37% dos óbitos no município, se manteve estável na comparação entre os oito primeiros meses de cada ano, passando de 282 para 280 casos. Entretanto, esse é o maior número desde o início da série histórica, em 2015.
Porém, morreram menos pessoas que estavam em motos no mês passado no município, quando comparado com julho –43 para 39 casos.
Na comparação entre os meses de agosto, o número cresceu de 35 para 39.
A CET aponta a faixa azul, sinalização para circulação exclusiva de motos, como destaque de política de segurança viária. O projeto, afirma, reduziu em 47,2% as mortes nos trechos sinalizados, passando de 36 em 2023 para 19 em 2024. “Atualmente são 232,7 km em 46 vias, beneficiando cerca de 500 mil motociclistas diariamente.”
A prefeitura também cita outras iniciativas, que incluem áreas calmas, rotas escolares seguras, redução do limite de velocidade em 24 vias (de 50 km/h para 40 km/h), mais de 9.000 novas faixas de travessia, travessias elevadas e minirrotatórias em pontos estratégicos.
MORTE DE MOTOCICLISTAS EM ALTA NO ESTADO
No geral do estado, no acumulado do ano 4.069 pessoas morreram no trânsito neste ano, com queda de 0,9% na comparação com os oito primeiros meses de 2024.
Porém, cresceu 3% o número de motociclistas mortos (foram 1.763 casos em 2025).
Na comparação com junho, houve alta de 0,4% no total de mortes (534 em 2025) e de 5,7% nos óbitos de motociclistas, com 223 casos.
Em nota, o Detran-SP (Departamento de Trânsito paulista) afirma que nesta quinta-feira colocou em consulta pública o seu Plano Estadual de Segurança Viária com a meta de reduzir pela metade o número de mortes no trânsito em cinco anos.
As ações, afirma, envolvem, entre outros, gestão de velocidade, fiscalização, vias seguras, melhoria de normas e eficiência no atendimento às vítimas.