SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um homem apontado como líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) foi morto pela Rota (tropa de elite da Polícia Militar) em Praia Grande, na Baixada Santista, cerca de um mês antes do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes ser assassinado a tiros de fuzil em uma emboscada na mesma cidade, nesta segunda-feira (15).

Luken Cesar Burghi Augusto era um dos criminosos mais procurados do país e integrante do comando da facção criminosa, segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. Com mais de 46 anos de condenação, ele estava foragido até morrer em confronto no dia 10 de agosto.

“Infelizmente o indivíduo optou pelo confronto, atirou nos policiais e não restou outra alternativa a não ser a neutralização”, disse Derrite em vídeo divulgado nas redes sociais no dia da morte do criminoso.

Luken foi condenado por participar, com outros dois homens, de um assalto ao cofre de uma empresa de transporte de valores em Araçatuba, no interior paulista, em 2017.

Um policial civil foi morto e os criminosos levaram mais de R$ 8 milhões, após uma troca de tiros que atingiu automóveis que passavam na rua em frente ao local do crime.

A investigação apontou que eles estavam acompanhados de outros cúmplices, mas apenas os três foram identificados. Eles portavam fuzis de três calibres diferentes e pistolas.

O caso ocorreu na madrugada de 16 de outubro de 2017, e os três foram condenados em 2024 em primeira instância. Em fevereiro deste ano, a sentença foi confirmada em segunda instância.

O assalto ocorreu com várias ações paralelas ao mesmo tempo, segundo a acusação. Uma delas teve início com um tiro de fuzil no carro do policial civil André Luís da Silva, obrigando-o a parar o veículo.

Ele foi rendido por três assaltantes, que roubaram partes do seu uniforme, sua pistola e seu celular. Um dos criminosos, após descobrir que Silva era policial, disparou três tiros contra ele, que morreu. Outro grupo atacou um quartel da PM de Araçatuba.

Paralelamente, outros criminosos usaram explosivos para atacar um prédio da empresa de valores Protege. Em dois pontos Procurada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) disse que nenhuma hipótese é descartada e que atuação de Ruy como delegado está entre as principais linhas de investigação, além de sua atuação como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande.

A morte do homem apontado como líder do PCC ocorreu após policiais militares irem a um endereço em Praia Grande após receberem informação de que ali residia um homem procurado pela Justiça.

Segundo o boletim de ocorrência, no local, o procurado teria efetuado disparos de arma de fogo. Os agentes revidaram e o criminoso morreu no local. No local, foram apreendidos uma pistola calibre 9mm, munições, documentos com suspeita de falsificação e estojos de munição.

Nesta quinta, Derrite divulgou a identidade de dois acusados de envolvimento no assassinato de Ruy e disse não haver dúvidas sobre a participação do PCC no crime. “A gente não descarta as possibilidades, se a execução foi motivada por conta do combate ao crime organizado de toda a carreira do delegado ou por conta de uma atuação atual como secretário municipal de Praia Grande. Agora, que há participação do crime organizado, para nós não resta dúvida”, disse.

Um dos acusados foi identificado pela Polícia Civil como Felipe Avelino da Silva, 33, conhecido como Mascherano.

Segundo Derrite, o suspeito atuaria na região do ABC como disciplina -nome dado à liderança que dita as regras dentro da organização. Mascherano tem condenações por roubo e tráfico de drogas em São Bernardo do Campo. Ele saiu do sistema penitenciário no ano passado.

Ruy era considerado um dos principais especialistas do país sobre a estrutura do PCC, sendo o primeiro delegado a investigar a atuação da organização no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Deic.

No Deic, a equipe de Ruy indiciou por formação de quadrilha todos os líderes da facção no início dos anos 2000, ocasião em que divulgou os primeiros organogramas indicando Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola; César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha (1968-2006); e José Márcio Felício, o Geleião (1961-2021), como os cabeças da facção.

Ele trabalhava desde janeiro de 2023 como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande.