SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos vetaram nesta quinta-feira (18) outra resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo imediato e incondicional na Faixa de Gaza. Essa é a sexta vez desde o início do conflito que Washington, que tem poder de veto no órgão, barra um texto para poupar Israel, aliado mais importante do governo americano no Oriente Médio.

O texto foi proposto por 10 dos 15 membros do Conselho de Segurança e teve 14 votos favoráveis —mais uma vez, os EUA ficaram isolados na votação. A medida pedia ainda o fim das restrições impostas por Israel à entrada de ajuda humanitária em Gaza e a soltura de todos os reféns ainda em poder do grupo terrorista Hamas.

Essa é a segunda vez que o governo Donald Trump veta uma resolução sobre Gaza no Conselho de Segurança —a primeira foi em junho. Durante o mandato de Joe Biden, a diplomacia americana barrou quatro iniciativas do tipo.

Durante a votação desta quinta, a embaixadora da Dinamarca Christina Lassen disse que “a fome foi confirmada em Gaza —não projetada nem declarada, mas confirmada. Enquanto isso, Israel expande sua operação militar na Cidade de Gaza, aumentando ainda mais o sofrimento de civis. Como resultado, é essa situação catastrófica, essa falha humanitária e humana, que nos impele a agir hoje”.

Na semana passada, após os ataques de Israel contra o Qatar, os EUA permitiram a aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança condenando as ações de Israel, mas sem citar nominalmente Tel Aviv. O movimento gerou especulação de que Washington poderia se abster em uma votação sobre Gaza, mas não foi o caso.

“O Hamas é responsável por começar e prolongar essa guerra. Israel já aceitou os termos de um acordo que encerraria o conflito, mas o Hamas continua a rejeitá-los”, disse a diplomata americana Morgan Ortagus antes do voto. O grupo terrorista acusa Israel de fazer novas demandas e de abandonar as negociações ao tentar assassinar a liderança da facção com o ataque em Doha.

“Essa guerra poderia terminar hoje se o Hamas libertasse os reféns e se rendesse”, concluiu Ortagus.

Nesta quinta, as Forças Armadas de Israel disseram que 450 mil palestinos deixaram a Cidade de Gaza, o equivalente a quase metade dos cerca de 1 milhão de pessoas que viviam no maior centro urbano do território antes do início do conflito.

A população está sendo forçada a fugir para o sul do território devido ao início da invasão terrestre sobre a cidade, até então alvo de bombardeios e de operações de demolição em áreas ao seu redor. Segundo anúncio do general israelense Effie Defrin, mais de “1.200 alvos terroristas” foram atingidos desde o início da ofensiva nesta semana.

Em resposta, o grupo terrorista Hamas declarou que os reféns israelenses ainda sob seu poder não serão devolvidos. “O início da operação criminosa e sua expansão significam que vocês não vão capturar um único refém, vivo ou morto”, diz comunicado da facção.