SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Três novas espécies de peixe-caracol foram descobertas nas profundezas da Baía de Monterey, na Califórnia (EUA). Registradas em vídeo e coletadas a mais de 4 mil metros de profundidade, elas exibem traços incomuns que despertaram grande interesse entre os cientistas.

O peixe-caracol rugoso (Careproctus colliculi) se destacou por sua aparência considerada “fofa”, com olhos azuis, pele enrugada e estruturas semelhantes a uma barba, incomuns entre as criaturas do oceano profundo.

Também foram descobertos o peixe-caracol-escuro (C. yanceyi) e o peixe-caracol elegante (Paraliparis em). As novas espécies habitam profundidades entre 3.268 e 4.119 metros, reforçando a riqueza ainda pouco explorada desses ecossistemas.

CARACTERÍSTICAS E ADAPTAÇÕES

Apesar de algumas semelhanças, como a cabeça grande e o corpo gelatinoso, cada espécie apresenta traços distintos. O peixe-caracol rugoso impressiona pela coloração rosada, enquanto os outros se assemelham mais às formas típicas do oceano profundo.

Espécies desenvolvem outras habilidades essenciais, como captar vibrações na água e usar as nadadeiras peitorais — que possuem 22 raios e auxiliam tanto na locomoção quanto na percepção do ambiente. As informações são de Mackenzie Gerringer, bióloga e principal autora do estudo publicado em 27 de agosto na revista Ichthyology & Herpetology.

nesta quinta-feira (18), já são conhecidas mais de 400 espécies de peixe-caracol no mundo, muitas adaptadas a condições extremas de pressão e ausência de luz.

IMPORTÂNCIA CIENTÍFICA E PRESERVAÇÃO

A pesquisa contou com a parceria do MBARI (Monterey Bay Aquarium Research Institute) e da Universidade Estadual de Nova York. Segundo Gerringer, os peixes-caracol ajudam os cientistas a estudarem a evolução em ambientes profundos.

Comparando espécies que vivem em águas rasas com aquelas de regiões abissais, é possível identificar quais adaptações permitem a sobrevivência em condições extremas. “Encontrar duas novas espécies em um único mergulho, em uma das áreas mais estudadas do oceano profundo, mostra o quanto ainda temos para aprender sobre nosso planeta”, concluiu a pesquisadora, reforçando a urgência de preservar esses ecossistemas ainda pouco conhecidos.