SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou esta quinta-feira (18) em alta e o Ibovespa em baixa após o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) ter reduzido juros na véspera e o Banco Central do Brasil manter a Selic em 15% ao ano.
A moeda americana recuou 0,32% na sessão, a R$ 5,319, e a Bolsa caiu 0,06%, a 145.499 pontos, segundo dados preliminares.
As ações da Natura disparam após acordo fechado para venda da Avon International por volta das 15h25, os papeis subiam 16%. “Acreditamos que este anúncio deve ajudar os investidores a retomarem o foco na ação, à medida que a história se torna mais simples e clara”, avaliou a XP Investimentos em relatório.
Os papeis da Usiminas lideram as perdas, revertendo as quedas das ultimas sessões.
Durante a tarde de ontem, o principal índice da Bolsa chegou a ultrapassar os 146.000 pontos, em meio às projeções do banco central americano de mais dois cortes nos juros dos EUA até o final do ano.
“O mercado hoje ainda está sob o efeito da Superquarta, com o posicionamento do Fed e do Banco Central”, afirma Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos. “A questão é a atratividade do mercado brasileiro, com a manutenção de uma taxa de juros atrativa em relação à taxa americana, fazendo com que investidores estrangeiros acabem vindo para o Brasil”.
Apesar do otimismo, o Ibovespa reduziu os ganhos e o dólar passou a subir ontem após o presidente do Fed, Jerome Powell, adotar uma postura mais cautelosa durante a entrevista coletiva após a decisão, frisando que ainda há riscos para a inflação americana.
Na avaliação de Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a fala de Powell esfriou o otimismo do mercado com os cortes de juros ao apontar que ainda há incerteza tanto para a inflação quanto para o emprego. “Ele disse que a decisão do Fed de cortar os juros foi mais preventiva, se antecipando a riscos”, aponta.
Na quarta (17), o dólar fechou em alta de 0,06%, a R$ 5,301, após tocar R$ 5,27 durante o pregão com a decisão do Fed. Já o Ibovespa encerrou o dia em alta de 1,06%, a 145.593 pontos.
O Fed decidiu diminuir a taxa de juros do país para entre 4% e 4,25% ao ano, na primeira redução da taxa básica americana em 2025. A redução veio em linha com a expectativa de analistas.
Já o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. O mercado leu no comunicado da decisão um tom mais duro pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), indicando que a Selic pode demorar mais para começar a cair.
No caso do Fed, além da decisão pelo corte, as projeções do comitê de política monetária dos EUA mostraram mais duas reduções de 0,25 ponto percentual para as duas reuniões de política monetária restantes deste ano.
A indicação é que as autoridades do banco central americano começaram a minimizar o risco de que as políticas comerciais volúveis do governo estimulem a inflação persistente.
“O fato de o Fed ter antecipado mais dos cortes de juros neste ano é um indício de que o comitê enxerga riscos inflacionários mais baixos e riscos mais elevados para o desemprego”, afirma Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Powell já havia admitido a possibilidade de reduzir os juros do país no último mês, mencionando os riscos de desaceleração do mercado de trabalho americano como justificativa.
Na avaliação de Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos vem atraindo investidores para o Brasil, pressionando o dólar para baixo.
“O Fed deve baixar juros e o BC manter a Selic estável. Dessa forma, nosso diferencial de juros fica mais atrativo, com perspectiva de fluxo de capital especulativo para o país”, aponta.