SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na avaliação do ex-presidente Michel Temer (MDB), falta diálogo por parte do Brasil com os Estados Unidos.
“Não é entre Lula e Trump, e sim entre o presidente do Brasil e o dos Estados Unidos. Se Lula ligar, Trump atende. Se eu ainda fosse presidente da Câmara, eu ligaria para o presidente da Câmara dos EUA”, afirmou Temer durante evento da plataforma de investimentos AGF, nesta quinta-feira (18).
Relembrando seu período como chefe do Executivo (2016-2018), que coincidiu com parte do primeiro governo de Donald Trump (2017-2021), ele comentou o encontro que teve com o republicano nos Estados Unidos, durante uma Assembleia-Geral da ONU.
“Estávamos eu, Macri [ex-presidente da Argentina] e Santos [ex-presidente da Colômbia]. Trump se sentou e a primeira coisa que nos disse foi: ‘Como é que vocês vão invadir a Venezuela?’ Ficamos constrangidos, mas explicamos que nossa relação com a Venezuela era boa”, afirmou Temer.
Segundo o ex-presidente, a ideia inicial de Trump foi facilmente dissuadida durante a conversa, o que sinalizaria que o mesmo poderia acontecer com relação à aplicação de tarifas por parte dos EUA a certos produtos brasileiros.
Temer também criticou a polarização política e disse ser necessário que a oposição se una para definir uma candidatura única pela presidência. “Quando o quinto governador me procurou, disse que eles deveriam se reunir, escrever um programa e escolher um candidato”, afirmou o ex-presidente.
Segundo o emedebista, ele também foi procurado por Hugo Motta, atual presidente da Câmara, nesta quinta-feira (18). Os dois falaram sobre anistia.
“Motta tinha me ouvido no [programa] Roda Viva, onde eu falei de um grande pacto nacional, dizendo que não basta simplesmente aprovar [a anistia] sem que haja um diálogo entre Executivo, Legislativo e Judiciário. O judiciário precisa concordar, porque se você não leva seu tema da anistia pro Supremo, o Supremo derruba a anistia, então precisa de um diálogo”, afirmou o ex-presidente.
“Ele falou que gostou muito da ideia de reduzir as penalidades porque talvez seja um caminho. Eu até ponderei, e ele está fazendo isso, sobre ser melhor conversar com o Supremo e com o Executivo, pra ser uma coisa conjunta. Isso foi uma coisa só do Congresso, corre o risco de haver contestação e cair o que o Congresso fizer”, completou.
“Fui presidente impopular, mas hoje sou ex-presidente popularíssimo”, disse Temer.
Segundo o ex-presidente, sua impopularidade na presidência possibilitou que ele conduzisse reformas econômicas, como a trabalhista. “Como eu não tinha intenção de me candidatar, eu podia fazer o que o Brasil precisava.”