BRASÍLIA, DF (GOLHAPRESS) – Escolhido relator da proposta de anistia na Câmara, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) classificou os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 como “terroristas”. O parlamentar também disse, há mais de dois anos, que liberdade de expressão não pode ser confundida com golpismo.

Integrante do centrão, Paulinho é também próximo ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o que contribuiu para a sua escolha como relator.

O deputado apoiou Lula (PT) na eleição de 2022, mas rompeu com o petista ao longo do governo. Por outro lado, fez oposição a Jair Bolsonaro (PL).

Nesta quinta-feira (18), Paulinho afirmou que uma anistia ampla, geral e irrestrita, como pretendem os aliados de Bolsonaro, é “impossível”.

“Acho que vamos ter que fazer uma coisa pelo meio, que talvez não agrade a extrema direita nem a extrema esquerda, mas que agrade a maioria da Câmara”, disse.

Veja falas e posições do deputado sobre o 8 de Janeiro, Lula, Bolsonaro e Moraes.

8 DE JANEIRO

“Bolsonaristas acabam de invadir o Congresso Nacional exigindo intervenção militar. Precisamos de medidas urgentes para conter esse ato e preservar a nossa democracia. Não podemos confundir liberdade de expressão com golpismo”, escreveu Paulinho na rede social X no dia 8 de janeiro de 2023.

“Destruíram e saquearam objetos dos três Poderes: Congresso, Planalto e STF. Isso é crime!”, disse também, na ocasião.

No mesmo dia, Paulinho chamou de “terroristas” os participantes dos atos. “Lula decreta intervenção no Distrito Federal até o dia 31 de janeiro. Essa é uma medida importante para conter os terroristas”, declarou.

LULA

Na campanha eleitoral de 2022, Paulinho da Força apoiou Lula para presidente. O Solidariedade, partido de Paulinho, foi uma das siglas que integraram a coligação do petista. Os dois, porém, se afastaram ao longo do governo.

“O governo está completamente doido. E a equipe é ruim. Não tem diálogo, o presidente não fala com ninguém. O presidente se trancou em casa”, afirmou à CNN em fevereiro deste ano.

Nas redes sociais, Paulinho costuma publicar vídeos críticos ao petista. “Desde o início do governo aumentando imposto, negligenciando a economia e tentando enganar as pessoas. O povo cansou de você, Lula”, publicou, em junho.

Em entrevista à Jovem Pan, Paulinho indicou que não deve apoiar Lula em 2026. “Vamos trabalhar para construir uma candidatura de centro, de centro para a direita”, disse.

BOLSONARO

Em 2019, durante o governo do ex-presidente, Paulinho afirmou, em um evento de 1º de Maio, que o país precisava de uma reforma da Previdência “que não garanta a reeleição de Bolsonaro”.

No pleito municipal de 2024, em São Paulo, Paulinho e Bolsonaro apoiaram a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O deputado, no entanto, afirmou que a presença de Bolsonaro na campanha atrapalhava Nunes, por causa da rejeição do ex-presidente.

“O que pode atrapalhar o Nunes é o Bolsonaro querer fazer campanha agora. Se Bolsonaro entrar agora na campanha do Nunes, só vai atrapalhar”, afirmou ao jornal O Globo no segundo turno.

ALEXANDRE DE MORAES

Paulinho também possui relação próxima com o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Nesta quinta (18), em entrevista coletiva em Brasília, o parlamentar reconheceu essa proximidade e disse que conhece o magistrado desde quando ele era advogado em São Paulo.

“Tenho uma relação desde quando ele era só advogado, antiga, e de São Paulo. Acho que ele é um dos que podemos conversar”, disse. O deputado afirmou ainda ter “uma relação próxima de todos eles [do STF]”.

Em 2022, Paulinho da Força não foi reeleito deputado federal. Ele ficou como primeiro suplente do Solidariedade. O primeiro colocado da chapa da legenda foi Marcelo Lima, que em 2023 trocou o Solidariedade pelo PSB.

Diante disso, Paulinho acionou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que era presidido por Moraes, alegando infidelidade. O TSE cassou o mandato de Marcelo Lima, hoje afastado do cargo de prefeito de São Bernardo do Campo (SP) após escândalo de corrução.

Como mostrou a Folha de S.Paulo em agosto, a amizade se estreitou quando Paulinho e Moraes atuaram juntos contra a proposta do voto impresso defendida por Bolsonaro, na época em que o ministro presidia o TSE.