SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos procurados pela morte do ex-delegado-geral de São Paulo Ruy Ferraz Fontes é integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e foi identificado pela Polícia Civil como Felipe Avelino da Silva, 33, vulgo Masquerano.
A informação foi dada pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Segundo ele, o suspeito tem função de disciplina na região do ABC. O acusado ficou seis anos preso e tem duas passagens por roubo e duas por tráfico de drogas.
Outro suspeito é Flávio Henrique Ferreira de Souza, 24, sem passagem, de acordo com o secretário.
Ao ser questionado, Derrite confirmou a participação do PCC na morte de Ruy Ferraz. “Não resta dúvida. A dúvida, a gente não descarta as possibilidades, é se a execução foi motivada por conta do combate ao crime organizado de toda a carreira do delegado ou por conta de uma atuação atual como secretário municipal de Praia Grande. Agora, que há participação do crime organizado, para nós não resta dúvida.”
Segundo o secretário, os acusados foram identificados e tiveram suas participações no crime indicadas por meio de análise de impressões digitais deixadas em um dos veículos usados pela quadrilha, abandonado a poucos metros do crime.
Derrite informou que Masquerano exerce função de disciplina nome dado à liderança que dita as regras dentro da organização. “Não tem como descartar isso, é um fato que o crime organizado participou da execução. A motivação é o que ainda está em aberto, estamos avaliando as duas possibilidades”, disse.
Masquerano tem condenações por roubo e tráfico de drogas em São Bernardo do Campo. Ele saiu do sistema penitenciário no ano passado. Arquivos do Tribunal de Justiça mostram que ele recebeu alvará de soltura no dia 5 de setembro de 2024 e que processos pelos quais ele foi condenado, em 2014 e 2019, foram extintos.
Uma das linhas de investigação envolve a atuação do ex-delegado-geral como secretário municipal em Praia Grande. “Não é surpresa para ninguém que o crime organizado vem participando em vários setores da economia licita tentando lavar dinheiro em contratos públicos”, disse o secretário.
O secretário também disse que a Polícia Civil recebeu uma denúncia sobre um possível envolvimento de um guarda civil no assassinato, embora ainda não tenha indícios dessa participação. “Também não está sendo descartado a possibilidade por conta da postura daqueles atiradores com o fuzil em mãos”, disse sobre a forma como um dos criminosos segurava a arma no momento da execução.
MULHER PRESA
Na madrugada desta quinta-feira (18), a polícia prendeu Dahesly Oliveira Pires, apontada como responsável por ter transportado um dos fuzis usado no crime de Praia Grande para Diadema, no ABC. Ela seria namorada de um dos suspeitos de participação no crime.
O ex-delegado-geral de São Paulo foi assassinado em emboscada no fim da tarde desta segunda-feira (15) em Praia Grande, na Baixada Santista. Segundo as investigações, o carro do policial civil aposentado foi atingido por 29 tiros de fuzil quando ele saía da prefeitura do balneário, onde trabalhava como secretário de Administração.
Imagens do ataque mostraram o momento em que ele tentou fugir e bateu em dois ônibus em uma avenida movimentada. Ao menos três homens encapuzados e com coletes a prova de balas desceram de um dos veículos usados no crime e o alvejaram. Ele morreu no local.
Os dois veículos usados por criminosos foram furtados em duas ocasiões distintas na capital, segundo informações da Polícia Civil paulista.
O crime mais recente aconteceu na noite de 29 de julho na rua Arapiraca, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. O segundo, um Toyota Renegade, foi furtado no dia 25 de março na rua Monsenhor Freitas, no bairro Cidade Dutra, na zona sul.
VÍDEOS MOSTRAM ATAQUE
1) Carro dos assassinos para em uma rua perto da Prefeitura de Praia Grande e, quando veículo do ex-delegado-geral de SP Ruy Ferraz Fontes passa, eles disparam
2) Ruy foge em alta velocidade, mas bate em dois ônibus. Bandidos saem do carro e atiram contra o ex-delegado
3) Vídeo feito por motoristas mostra desespero de quem passava pelo local durante o assassinato