SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, o Brasil precisa melhorar seu quadro fiscal para atrair investidores estrangeiros e aproveitar bons índices econômicos.
“Nos últimos quatro anos, o país tem crescido ao redor de 3%, 3,5%, em linha com o mundo, e estamos com pleno emprego. Precisamos, de fato, avançar no fiscal, que é um problema que se arrasta há mais de uma década”, disse Ceron durante evento em São Paulo, nesta quinta-feira (18).
As contas do governo central, que incluem Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registraram déficit primário de R$ 59,1 bilhões em julho de 2025. O resultado foi o segundo pior para o mês de julho de toda a série histórica, iniciada em 1997, e fica à frente apenas de 2020, quando o déficit havia sido de R$ 87,8 bilhões.
De acordo com Ceron, um superávit é possível, desde que o governo conte com o apoio do Congresso Nacional na aprovação de medidas econômicas.
“Temos desafios pela frente, mas são superáveis e não é tão difícil quanto parece de resolver, desde que haja, de fato, um senso social e isso envolve a sociedade, que acaba sendo representada no Congresso Nacional. Temos que ter um pacto independente de governo e de política e endereçar definitivamente a questão fiscal.”
O economista também citou o peso da Selic de dois dígitos na dívida e a expectativa de que o Banco Central reduza a taxa em 2026, mesmo com a volatilidade prevista para o ano eleitoral.
“A taxa de juros de longo prazo está muito mais alta do que era há cinco, dez anos atrás. Isso gera reflexo para nós, em uma uma situação que não é saudável. O BC ainda está esperando uma convergência completa [das expectativas de inflação], mas já começa a se deslumbrar aí um cenário consensual para 2026 de uma descida da taxa de juros”, afirmou o secretário.
No mesmo painel, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, disse que um ambiente político menos polarizado beneficiaria a economia.
“Desejo, assim como todo brasileiro, que tenhamos uma agenda mais comum em política. Uma coisa, talvez, mais ao centro, menos nós contra eles. Estamos numa entropia, gastando uma energia como sociedade muito grande nisso”, afirmou o CEO da Bolsa.
Gilson também citou as eleições presidenciais de 2026, segundo o qual poderia ser uma oportunidade de pacificação.
“Estamos ano que vem diante de uma oportunidade de ir para uma coisa um pouco mais consensuada um pouco menos briga, um pouco mais alinhada, porque aí todo mundo vai se beneficiar disso”, afirmou.