SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O rio Tietê apresentou melhora na qualidade da água neste ano. Por outro lado, a mancha de poluição ainda preocupa ambientalistas. Isso porque, segundo os especialistas, a situação segue desafiadora para a recuperação e expõe os problemas do saneamento básico no estado de São Paulo.
No ano passado, a macha era de 207 km, enquanto em 2025 é de 174 km, segundo o estudo Observando o Tietê, divulgado nesta quinta-feira (18) pela SOS Mata Atlântica. O volume, apesar da redução de 15,9%, ainda é um dos maiores da série histórica, iniciada em 2010.
De acordo com Gustavo Veronesi, coordenador do estudo, o governo de São Paulo deve enfrentar um grande desafio para alcançar a meta de universalização do esgoto até 2029. A proposta foi estabelecida pela Sabesp, para sua área de atuação.
Ele aponta como principais problemas para recuperação da qualidade da água: variações climáticas, descargas e remanescentes de esgoto tratados e não tratados, operações de barragens, efeitos de eventos extremos e acidentes ambientais.
“Tem uma certa estagnação desses resultados da qualidade do Tietê. Então, a gente mostra nesse estudo que as soluções que estão sendo adotadas pelo governo são importantes, porém se mostram insuficientes para chegar no tão almejado saneamento universalizado”, disse à reportagem.
A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo disse, em nota, que prevê medidas de curto a longo prazo. Segundo a pasta, o governo estadual estima um investimento de R$ 22 bilhões para as ações de despoluição dos rios do estado.
A secretária afirma ainda que a agência SP Águas realiza o desassoreamento para evitar enchentes durante os períodos de chuva.
Em relação ao saneamento, a pasta diz que a concessionária Sabesp investiu R$ 3,9 bilhões entre 2023 e 2025 em obras para ampliar a conexão de domicílios à rede de esgoto.
Segundo o estudo, os dados revelam que a bacia do Tietê apresentou melhor recuperação entre 2016 e 2021, quando a qualidade regular e boa da água aumentou. Contudo, a partir de 2022, a trajetória positiva recuou. A mancha de poluição voltou a crescer, atingindo o pico em 2024.
Assim como em anos anteriores, o estudo da ONG, divulgado às vésperas do Dia do Tietê, não registrou nenhum trecho com água tida como ótima, em toda a bacia do rio Tietê, nos pontos monitorados.
Apenas no Tietê, o estudo monitora 576 km dos 1.100 km do curso d’água, desde a nascente, em Salesópolis (SP), até Barra Bonita (SP), na hidrovia Tietê-Paraná. Além de suas próprias coletas, baseia-se também em dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Para o SOS Mata Atlântica, as soluções baseadas devem estar em harmonia com a natureza, como criação de parques lineares, recuperação de nascentes, recomposição de matas ciliares, proteção das corredeiras, além de infraestrutura verde e descentralização do tratamento de esgoto.
Veronesi destaca ainda os esforços dos voluntários na coleta dos dados. “Eles vão uma vez por mês num ponto de análise escolhido conjuntamente, pode ser uma escola de ensino fundamental, ou médio, ou superior, e registram os resultados no nosso site. Um trabalho muito valoroso.”