SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Seguranças da CPTM tiveram que intervir em uma confusão que começou com um ataque racista em um dos vagões da linha 7-rubi, no início da tarde desta quarta-feira (17).
Testemunhas relatam que um idoso, um homem branco, se incomodou com as risadas de um grupo de três mulheres negras e começou a xingá-las.
O bate-boca tomou conta do vagão, e passageiros saíram em defesa das mulheres. Um segurança que estava no trem acionou apoio, e os envolvidos desembarcaram na estação Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste. Eles foram encaminhados à Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) para registro de boletim de ocorrência.
A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) afirma lamentar o ocorrido e que não tolera nenhum tipo de violência nos trens e estações. Diz ainda que vai colaborar com a investigação policial.
A atriz Priscilla Rosa, 33, uma das vítimas, conta que ia ao trabalho quando o homem reclamou da conversa dela com outras amigas. “Primeiro, ele falou que a gente tinha ‘risada de puta de cabaré’, que não sabíamos nos portar perante a sociedade e continuou falando outras coisas.”
Priscilla afirma que uma outra passageira falou que ele estava sendo racista. “Então ele disse com todas as letras e em alto e bom som no vagão que tem que ser racista mesmo. Estamos cansadas em nos calar para esse tipo de coisa, porque a gente se cala, a gente abaixa a cabeça, chega uma hora que não dá mais.”
Mayara Tenório 33, também atriz, afirma que os agentes da CPTM agiram prontamente. “Perguntaram se gostaríamos de prestar a denúncia, nos deram todo o suporte. O criminoso tentou fugir, mas o detiveram. É preciso denunciar e entender que racismo é crime.”
A segurança Rosemeire Aparecida Silveira, 58, diz que estava sentada ao lado do idoso quando ele começou a ofender as mulheres. “Eu achei um absurdo. Já passei por várias situações de racismo durante a minha vida, nunca respondi, mas hoje resolvi me manifestar. Ele é um idoso, mas não importa a idade, a condição social, o respeito tem que prevalecer. Tudo aquilo foi muito ofensivo.”
Ela diz que, mesmo diante dos protestos de outros passageiros, ele continuou falando. “As pessoas gritavam ‘não ao racismo’. Então começou a confusão, uma aglomeração. Chamaram a segurança que fica dentro do vagão, acho que ficaram com medo de que pudéssemos agredi-lo, mas ninguém iria fazer isso. Só queríamos respeito.”
A lei 14.532/2023, que equiparou a injúria racial ao crime de racismo, prevê pena de reclusão de dois a cinco anos e multa para quem “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”.
O crime é inafiançável e imprescritível.