RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um sargento da Polícia Militar do Rio foi preso em flagrante nesta terça-feira (16) suspeito de matar a própria esposa, em Maricá, na região metropolitana. Renato César Guimarães Pina, 42, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva (sem prazo) nesta quarta-feira (17), durante audiência de custódia.
A vítima, Shayene Araújo, 27, foi atingida por um disparo de arma de fogo na cabeça. Ela chegou a ser levada pelo marido ao Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara, mas não resistiu. A Prefeitura de Maricá informou que a jovem deu entrada em estado grave, sofreu uma parada cardíaca e, apesar das tentativas de reanimação, morreu.
Durante a audiência de custódia, o advogado Marcelo Melo pediu a liberdade provisória do policial, alegando que ele é primário, possui residência fixa e atividade laboral lícita. A reportagem não conseguiu contato com a defesa.
Em nota, a Polícia Militar afirmou repudiar com veemência o ato do sargento. O comando informou que o militar foi levado à 82ª DP (Maricá) junto com a arma, transferido em seguida para a unidade prisional da corporação em Niterói e que a Corregedoria vai instaurar inquérito policial militar, que pode resultar em sua exclusão dos quadros.
Segundo a Polícia Civil, o policial alegou acidente doméstico. A ocorrência foi inicialmente registrada como caso acidental, mas a versão foi descartada pela perícia e por testemunhas.
De acordo com o delegado Willians Batista, responsável pela investigação na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, os elementos colhidos apontaram para um histórico de agressões.
“A análise da cena, do corpo da vítima e os depoimentos mostraram que a versão inicial dele era fantasiosa. Ele tinha o hábito de agredir a vítima, ameaçá-la com arma de fogo e até realizar disparos próximos a ela. Esse histórico culminou nesse crime de feminicídio”, afirmou.
A família de Shayene entregou às autoridades imagens de câmeras de segurança de 2024 que mostram o sargento agredindo a companheira grávida. No vídeo, ele aparece desferindo um tapa no rosto dela e apontando uma arma de fogo na direção dela.
Segundo parentes, a jovem mantinha relacionamento com o policial havia cerca de três anos. Os dois tinham um bebê de sete meses, e o filho de nove anos de Shayene, de uma união anterior, também morava com o casal.
Na decisão, o juiz Rafael de Almeida Rezende destacou que o militar possui histórico de violência doméstica, inclusive com uso de arma de fogo, e apontou risco de intimidação de testemunhas.
“A gravidade em concreto do delito demonstra a periculosidade do custodiado e a necessidade da prisão cautelar para a garantia da ordem pública”, afirmou o magistrado, que também ressaltou que o crime teria sido cometido na residência onde estavam os filhos da vítima, o que aumenta a reprovabilidade da conduta.