PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Investigadores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul estão vasculhando lixões de Porto Alegre para tentar localizar o crânio de Brasília Costa, manicure. A suspeita é que ela foi esquartejada pelo namorado -partes do corpo foram localizadas em diferentes pontos da cidade.
De acordo com a os investigadores, o suspeito do assassinato, Ricardo Jardim, disse ter colocado a cabeça da vítima em um contêiner de lixo orgânico próximo à Usina do Gasômetro, no centro histórico da capital gaúcha.
Jardim, que está preso desde o dia 4, negou em depoimento ser o autor do assassinato, mas admitiu ter feito o descarte do corpo de Brasília. O caso é tratado como feminicídio. O suspeito é representado pela Defensoria Pública, que vai se manifestar somente nos autos do processo.
O delegado Mário Souza, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, disse que as buscas contam com apoio das empresas de limpeza urbana envolvidas na coleta de lixo em Porto Alegre.
Nesta quarta, foi feita a maior operação de procura até o momento, em um aterro sanitário na região metropolitana que recebe dejetos da capital e de outras cidades. “É um local que teria aproximadamente 50 mil toneladas de lixo orgânico”, disse Souza.
“Não encontramos sinal [da cabeça] nesse momento. Claro que há várias possibilidades: o local é enorme, pode ser que esteja mais para baixo naquele monte de lixo. Espalhamos algumas coisas, mas é difícil.”
As operações contam com policiais civis dos departamentos de Saúde e de Homicídios, agentes do Corpo de Bombeiros Militar e um cão farejador, e apoio da Brigada Militar.
Nesta terça-feira (16), a Polícia disse que ele teria mantido parte dos restos mortais dentro de uma geladeira na pousada onde residia, na zona norte.
O tronco de Brasília, que tinha 65 anos e estava em um relacionamento com a vítima desde o ano passado, foi encontrado em 1º de setembro em uma mala deixada no guarda-volumes da rodoviária de Porto Alegre.
Câmeras de segurança registraram Jardim abandonando a mala em 20 de agosto
A polícia estima que o crime tenha ocorrido no dia 8 ou 9 daquele mês. No dia 13, os braços da manicure já haviam sido descobertos em um saco de lixo na zona leste de Porto Alegre.
Já no dia 6 de setembro, uma perna foi localizada na praia de Ipanema, na zona sul. Outra perna foi encontrada por um pescador no dia seguinte no bairro Cristal, a cerca de 8 km de distância. A polícia diz que o suspeito jogou os membros inferiores de Brasília em um arroio que desemboca no lago Guaíba.
Jardim foi condenado em 2018 pelo assassinato da própria mãe, Vilma Jardim, de 76 anos, cujo corpo ele ocultou ao concretá-lo dentro de um móvel. Na época, negou ter cometido o crime, mas admitiu ter escondido o cadáver. O corpo da idosa foi encontrado com 13 facadas.
Ele recebeu progressão ao regime semiaberto em 2024, mas não retornou para a colocação de tornozeleira eletrônica e era considerado foragido.
A juíza Sonáli da Cruz Zluhan, que autorizou a progressão, foi alvo de uma reclamação disciplinar protocolada pela deputada federal Bia Kicis (PL-DF) no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).