BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – Sem acordo com as empresas, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém decidiu nesta quarta-feira (17) manter a greve da categoria, após dois dias de paralisação.

A categoria diz que a paralisação afeta parcialmente duas obras da COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, que acontecerá na capital paraense em menos de dois meses. No entanto, o governo do Pará nega qualquer impacto nos preparativos.

A decisão pela manutenção da greve veio após quase duas horas de negociação com o Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção) do Pará, intermediada pela Superintendência Regional do Trabalho.

O sindicato patronal fez uma nova proposta, com aumento salarial indo de 5,5% para 6%, e do valor da cesta básica indo de R$ 110 para R$ 130. Os trabalhadores, porém, pedem acréscimo de 9,5% nos salários e de R$ 270 para a cesta básica.

“Oferecemos a proposta em assembleia, os trabalhadores recusaram e votaram pela continuidade da greve por tempo indeterminado”, disse Atnágoras Lopes, coordenador do sindicato da categoria.

Segundo o balanço da entidade, mais de trezentas obras estão em andamento em Belém e a paralisação afeta 80% delas, com adesão de mais de 10 mil operários.

Entre as obras afetadas estariam hotéis que receberão participantes da COP30 e imóveis públicos e privados. Ainda segundo o órgão, duas obras relacionadas à infraestrutura da COP foram afetadas parcialmente.

“Hoje estivemos no Parque da Cidade e na Vila COP e parte dos trabalhadores aderiram ao movimento”, afirmou Lopes. O Parque da Cidade sediará as negociações da ONU, enquanto a Vila COP deve receber chefes de Estados e membros das delegações oficiais dos países integrantes da convenção climática.

A única empresa que aceitou a proposta dos operários foi o Hotel Vila Galé, no Porto Futuro 2, onde os trabalhos já foram retomados.

Em nota, a Secretaria de Estado de Obras Públicas informou que as obras para a cúpula do clima seguem normalmente.

A Secretaria Executiva da COP30 reforçou que as negociações trabalhistas estão sendo conduzidas pelas partes competentes. “Ressaltamos que os preparativos para a Conferência continuam em curso e que o andamento das obras segue dentro do cronograma previsto”, disse, em nota.

O Sinduscon-PA afirmou que está tentando encerrar o conflito e que os índices oferecidos na proposta estão superiores à inflação acumulada dos últimos 12 meses, cujo INPC resultou em 5,13%. A entidade patronal ressaltou que, portanto, ambos os valores ofertados contemplam um aumento real.