SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Metalúrgicos da Embraer em São José dos Campos (SP) decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (17). A paralisação foi aprovada em assembleia e confirmada pelo Sindicato dos Metalúrgicos da região, filiado à CSP-Conlutas.

A Embraer afirma que suas fábricas da operam normalmente em todo o Brasil. A FIESP, que representa o grupo patronal do setor aeronáutico nas negociações referente à data-base 2025, diz que apresentou uma nova proposta aos trabalhadores nesta terça-feira (16).

A categoria reivindica reajuste salarial de 11%, pagamento de um benefício fixo de R$ 1.000 e a assinatura da convenção coletiva de trabalho. De acordo com o sindicato, a proposta de reajuste apresentada pela empresa ficou abaixo da inflação acumulada, o que teria motivado a rejeição e a decisão pela greve.

Após a declaração de greve pelo sindicato, a Embraer apresentou uma nova proposta, que foi rejeitada pelos trabalhadores do primeiro e segundo turnos da fábrica.

Nas negociações com o sindicato, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que representa o setor aeronáutico, propôs redução da estabilidade de emprego para lesionados e reajuste salarial apenas pela inflação, de 5,05%.

A proposta já havia sido rejeitada em assembleia, no dia 9, com aviso de greve. Mesmo assim, segundo o sindicato, a empresa não atendeu a reivindicação dos trabalhadores.

O movimento deve impactar a produção da fabricante brasileira de aeronaves, que é uma das maiores exportadoras do país e emprega cerca de 12 mil trabalhadores na cidade, sendo 6.000 na produção -que ficou 100% parada.

A paralisação pode atrasar entregas programadas para o mercado interno e externo.

O sindicato afirma que o principal entrave para o avanço das negociações é o direito que garante estabilidade no emprego aos metalúrgicos que se lesionarem em decorrência de doença ou acidente ocupacional.

“Desde 2018, a Embraer vem impondo como condição para assinar a convenção coletiva a redução da estabilidade para 21 meses em caso de lesão provocada por doença e 60 meses para acidentes”, diz a entidade.

A última convenção coletiva, assinada em 2017, garantia estabilidade até a aposentadoria para metalúrgicos que se lesionarem em razão de doenças ou acidentes ocupacionais.

A pauta de reivindicações também inclui vale-alimentação de R$ 1.000, mas a empresa propõe R$ 420 -hoje, o valor é de R$ 400.

Para o diretor do sindicato Herbert Claros, “nada justifica a postura da Embraer em retirar direitos de trabalhadores que perderam a saúde na fábrica”. Ele afirma que a Embraer financiamentos bilionários do BNDES, alcançou um lucro de R$ 675 milhões no segundo trimestre de 2025 e segue em tendência de crescimento.

Em nota, a Embraer afirma que “respeita todos os direitos dos colaboradores e estranhou a ação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos nessa manhã, na unidade Ozires Silva”. Para a empresa, a paralisação “visa cercear o direito constitucional de ir e vir, tendo em vista que as negociações da data-base estão em andamento junto à Fiesp e o sindicado ainda não apresentou a proposta mais recente aos trabalhadores”.

A FIESP, que representa o grupo patronal do setor aeronáutico nas negociações referente à data-base 2025, apresentou nesta terça-feira (16 ), uma nova proposta de reajuste salarial de 5,5% (valor acima da inflação do período) e aumento de 12,5% do vale alimentação para colaboradores com salários de até R$ 11 mil.

“As negociações no âmbito da FIESP continuam em andamento com todos os sindicatos que representam os colaboradores no Estado de São Paulo”, afirma a nota envida à reportagem.