SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Eternizado pelo escritor José Lins do Rêgo em “Menino de Engenho” e em outros livros do chamado ciclo da cana-de-açúcar, o Engenho Corredor, na cidade paraibana de Pilar, teve seu tombamento definitivo aprovado nesta terça-feira (16) pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

O conjunto arquitetônico inclui as antigas casa grande e senzala, ambas recentemente restauradas, além das ruínas da casa de engenho, local onde se fazia a moagem e o cozimento do açúcar, e da casa de purgar, área destinada à secagem e embranquecimento do produto.

Foi neste engenho onde nasceu em 1901 o escritor paraibano, que fez das suas memórias da infância matéria-prima para seus primeiros livros. Ele morou na propriedade até oito anos e morreu aos 56 anos, em 1957.

“Se por um lado é verdadeiro que o Engenho Corredor abrigou, criou e deu à luz José Lins do Rego, também procede dizer que José Lins do Rego criou para o mundo o Engenho Corredor, o mundo do açúcar paraibano”, afirmou o arquiteto Gustavo Peixoto, relator do parecer técnico.

A decisão pelo tombamento foi tomada na reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado do Iphan responsável pela avaliação e reconhecimento de bens culturais brasileiros. O conjunto arquitetônico foi inscrito no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo das Belas Artes.

Na avaliação do órgão federal, Engenho Corredor remete a uma época de transformações no Nordeste, marcada pela decadência dos antigos engenhos de cana-de-açúcar, que paulatinamente foram substituídos por usinas modernas.

José Lins do Rêgo faz parte da geração de 1930, que consolidou a segunda fase do modernismo na literatura brasileira com escritores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Jorge Amado. Seus livros são marcados por um caráter regionalista e por unir elementos autobiográficos a uma crítica do cenário social e político da época.

Dentre os livros que fazem parte do ciclo da cana-de-açúcar do autor estão “Menino de Engenho” (1932), “Doidinho” (1933), “Banguê” (1934), “Usina” (1936) e “Fogo Morto” (1943).

O presidente do Iphan, Leandro Grass, afirmou que as obras de Lins do Rêgo costumam ser criticadas por promover uma suposta ideia de convivência pacífica entre raças e classes sociais. Mas ponderou que, para consolidar as críticas, foi necessário o trabalho dessas “primeiras vozes”.

O Engenho Corredor é aberto a visitação, mediante marcação prévia, e possui móveis de época, utensílios, além de fotografias da família.