BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) afirmou a aliados que não se opõe à redução de penas dos condenados por atos golpistas. As falas ocorreram em um momento de descontração em almoço do petista nesta quarta-feira (17) com integrantes do PDT no Palácio da Alvorada, segundo três políticos relataram à reportagem.

De acordo com eles, o presidente afirmou ainda que ficou preso por 580 dias e sabe que isso não é fácil. Lula não especificou se concordaria com uma proposta que atingisse apenas os condenados pelos ataques à praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, ou também para aqueles envolvidos na trama golpista, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A declaração ocorre num momento em que a cúpula da Câmara dos Deputados estuda a possibilidade de levar à votação um requerimento de urgência que dá anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou a líderes e a integrantes do Planalto que irá pautar o tema. O governo federal tenta frear esse movimento, e mobilizou ministros para atuar junto às bancadas partidárias.

No fim de semana, em evento do PT no Paraná, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) já havia sinalizado para a possibilidade de redução de pena aos condenados pelos ataques golpistas. Como a Folha de S.Paulo mostrou, ela disse que a discussão é válida tanto se realizada pelo Congresso quanto pelo STF.

“Se querem discutir redução de pena, é outra coisa. Cabe a dosimetria ao Supremo Tribunal Federal ou até o Congresso avaliar e ter um projeto, mas aí é redução de pena, não tem a ver com anistia, não tem a ver com perdão”, afirmou.

Já o presidente do PT, Edinho Silva, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo ser contrário a esse movimento de redução das penas. Ele defendeu uma articulação para derrotar a proposta de anistia ampla, defendida pelo PL, e que a derrubada desses projetos que incluem um perdão a Bolsonaro é uma iniciativa importante para fortalecer a democracia.

Ainda segundo relatos, Lula também teria afirmado durante o almoço desta quarta que ficou incomodado com a aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Blindagem pela Câmara. A PEC permite ao Congresso barrar processos criminais no STF (Supremo Tribunal Federal) contra deputados e senadores e prisões de parlamentares.

Além de lideranças do Congresso, também participaram do almoço o presidente do PDT, Carlos Lupi, o ministro Wolney Queiroz (Previdência), e Gleisi Hoffmann. Um participante do almoço diz que esses temas foram discutidos muito rapidamente em momentos de descontração. O tema da reunião era aproximar o partido do presidente da República, em mais um encontro e Lula com representantes dos partidos da base aliada.

Nas redes sociais, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) escreveu que foi um almoço para conversar sobre os temas em discussão no país “e reafirmar o apoio do PDT ao presidente Lula, agora e em 2026”.