SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Obras reconhecidas pela 5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa: Vidas Indígenas podem ser assistidas gratuitamente na plataforma lançada pelo museu virtual no dia 28 de agosto. Dos 31 curtas-metragens disponíveis para o público, 13 venceram nas categorias “Criadores Indígenas”, “Novos Talentos”, “Livre” e “Júri Popular” da premiação.

Produtores dos curtas-metragens tiveram acesso a entrevistas do acervo do Museu da Pessoa, integradas ao programa Patrimônios Imateriais e Vidas Indígenas, e escolheram histórias de vida para transformar em narrativas audiovisuais.

Entre os vencedores estão os curtas “Conhecedor de jejum para cacuri”, de João Arimar Noronha Lana, que narra o ritual de pesca do povo tariano no Alto Rio Negro, e a animação “O Homem que enfrentou o Curupira”, de Moara Brasil Xavier da Silva, inspirada no depoimento de Karari Kaapor e em um conto ancestral.

Também são destaques “Vai existir esses cantos”, de Raíssa Souza, que revisita os cantos de Alzenira Guajajara, e a videoarte “Cacique Alberto e os ‘Seus’: Uma História em Três Atos”, dirigida por Maria Eduarda Trindade.

“Quando ouvimos as histórias dos povos indígenas, percebemos que existe uma tecnologia ancestral de memória, que passa de geração em geração e resiste ao apagamento”, afirma Karen Worcman, diretora e fundadora do Museu da Pessoa.

“A mostra dá visibilidade a essas narrativas, que agora também se renovam no ambiente digital, evidenciando a força do audiovisual como forma de preservar e compartilhar saberes.”

Das categorias do concurso, “Criadores Indígenas” revelou produções realizadas e protagonizadas por indígenas, enquanto “Livre” se abriu a diferentes perfis de realizadores, valorizando a pluralidade de olhares e técnicas. Já “Novos Talentos” buscou evidenciar jovens cineastas em formação, e “Júri Popular” convidou o público a escolher seus favoritos.

Viabilizada pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura (Lei Rouanet), com apoio do Ministério da Cultura e patrocínio da Petrobras, a 5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa teve seus vencedores anunciados em 27 de setembro, no Espaço Petrobras de Cinema, na rua Augusta, em São Paulo.

Durante a cerimônia, diversas vozes destacaram o audiovisual como ferramenta para preservar histórias de vida e fortalecer narrativas indígenas.

“Ver esses filmes é ver a vida dos nossos parentes contada por nós mesmos. O audiovisual é uma ferramenta de luta e de afirmação da nossa existência”, disse Karkaju Pataxó, assessor especial do Ministério dos Povos Indígenas, na abertura do evento.

Para Alberto Alvares, cineasta e formador da mostra, é fundamental fazer com que jovens indígenas se apropriem das histórias de seus povos.

“É emocionante ver essa juventude transformando entrevistas em obras audiovisuais tão potentes. A mostra cumpre um papel fundamental de formação e de estímulo à criação, reforçando que nossas histórias podem ser contadas de muitas formas, sempre com sensibilidade e coragem”, ressalta.

A noite de premiação teve como mestre de cerimônia Olinda Tupinambá, jornalista e cineasta indígena das etnias tupinambá e pataxó hãhãhãe, que também integrou o júri técnico da mostra, ao lado de Bárbara Trugillo, Minom Pinho, Edgar Kanaykõ, Priscila Machado, Tatiana Toffoli e Karen Worcman.