SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A quarta temporada de “The Morning Show”, que estreia nesta quarta-feira (17) na Apple TV+, retoma a rotina caótica dos bastidores do jornalismo e apresenta um novo protagonista invisível: a inteligência artificial.

O tema se junta à tradição da série de dialogar com assuntos atuais -como a pandemia de covid, denúncias de assédio sexual no trabalho e a invasão do Capitólio, em 2021. Tudo isso continua entrelaçado aos jogos de poder, aos dilemas éticos e às crises pessoais que atravessam as carreiras de quem tenta manter de pé o noticiário mais disputado da televisão americana.

Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, intérpretes de Alex Levy e Bradley Jackson, voltam mais uma vez ao universo da emissora após quatro temporadas dividindo o protagonismo e a produção executiva da série. “É provavelmente o único projeto do qual já participei que é tão atual. A gente não planejou isso, mas o mundo sempre acaba entrando nos nossos roteiros”, contou Jennifer em conversa com jornalistas.

Reese acrescentou que considera divertido participar de uma série que parece estar “alguns passos à frente”, abordando temas que surgem nas conversas cotidianas, como IA, relações de trabalho e bilionários comprando redes sociais ou foguetes.

As duas comentaram que a equipe não tenta prever o noticiário, mas que os roteiros acabam antecipando tendências. “É empolgante porque a gente espera para ver se os roteiristas enxergaram o futuro na bola de cristal”, brincou Jennifer.

A showrunner Charlotte Stoudt afirmou que o maior desafio é escolher temas que continuem relevantes até a estreia, já que a produção, a gravação e a edição levam muito tempo. Por isso, eles optam por assuntos de longa duração, como racismo, direitos reprodutivos e inteligência artificial. “Toda vez que algo acontece, nós sempre dizemos, coloquem no show”, disse.

Na visão de Billy Crudup, que interpreta Cory Ellison, a intenção da nova temporada não é oferecer respostas sobre tecnologia ou sobre como as pessoas consomem informação, mas provocar o público. Segundo ele, a série quer mostrar como cada um lida com a sensação de que o mundo está mudando rápido demais. “Acho que os episódios não estão tentando responder nada. Eles fazem perguntas”, resumiu.

Na quarta temporada, a relação entre Alex e Bradley começa abalada, depois de mais uma sequência de reviravoltas pessoais e profissionais na temporada anterior. Jennifer contou que sua personagem agora ocupa um cargo de liderança e tenta enxergar o quadro geral, enquanto Bradley segue imprevisível. “Ela é um coringa, você nunca sabe o que vai fazer”, disse.

As duas ressaltaram que, mesmo com os atritos, a relação segue no centro da história. “A gente sempre volta. É uma história de amor entre amigas”, resumiu Jennifer. A atriz destacou ainda que a trajetória de Alex explora os dilemas de quem busca o topo, incluindo os conflitos de interesse e a tentação do poder. “Corrupção não tem gênero”, observou.

Além de revisitar velhos fantasmas, a série apresenta novos personagens que prometem abalar a estrutura da United Broadcast Association. A atriz francesa Marion Cotillard chega nesta temporada como Céline, executiva do conglomerado que controla a emissora.

Ela descreveu a personagem como uma mulher que usa a frieza como estratégia para manter o controle e manipula pessoas para continuar no comando.

Outra novidade no elenco é Jeremy Irons, que interpreta Martin Levy, pai de Alex -um personagem que até então só havia sido citado. O ator contou que se sentiu desafiado a se juntar a um elenco tão entrosado e que precisou observar o ritmo de trabalho dos colegas.

“Quando você trabalha com bons atores, criar essas relações se torna mais fácil. Foi um grande prazer. Mesmo que o homem que eu interpreto tenha qualidade debatível”, brincou. Segundo ele, a presença do pai ajuda a entender melhor quem Alex é por trás das câmeras e acrescenta novas camadas à trajetória dela.

Reese avaliou que esse tipo de tensão pessoal e profissional define a identidade da série desde o início. Segundo ela, “The Morning Show” se mantém atual porque acompanha as mudanças do mundo, do jornalismo e mostra o impacto delas sobre quem consome e produz notícias. “O mundo da notícia muda a cada minuto. Quem você pode confiar? O que é verdade? Tivemos sorte de já ter estabelecido esse formato e depois poder expandi-lo para diferentes histórias”.