BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu aumentar o auxílio concedido a países para participação na COP30, a sua conferência para mudança climática, em Belém (PA), diante da crise pelos altos preços de hospedagem na cidade.
A medida foi comunicada em uma reunião entre a organização do evento e a direção da UNFCCC (o braço de clima das Nações Unidas), nesta quarta-feira (17).
Segundo uma nota publicada após o encontro, o secretário-geral do órgão, Simon Stiell, definiu que o valor da diária vai aumentar de US$ 144 (R$ 763) para US$ 197 (1.044) para um grupo de 144 países, que incluí os chamados LDCs e SIDs -sigla em inglês para países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares, respectivamente.
Esse auxílio serve para custeio em geral, como pagamento de hospedagem e alimentação, durante eventos oficiais, e seu valor varia conforme o local.
Com a escalada da crise de preço dos hotéis em Belém, cresceram as críticas contra a cidade, mas também a pressão para que a ONU aumentasse o auxilio previsto para a capital paraense. Esse pleito foi capitaneado por países em desenvolvimento e insulares, e apoiado pelo Brasil.
Isso porque o subsídio é de quase US$ 250 (R$ 1.355) em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, chega a US$ 435 (R$ 2.360) em Paraty (RJ), mas para Belém era de menos de US$ 150 (R$ 795)
O entendimento foi que o valor estava desproporcionalmente baixo para a cidade paraense, e o argumento usado foi que caso a COP mudasse de sede para o Rio, por exemplo, ele mudaria. Portanto, faria mais sentido aumentar o valor do que alterar o local.
Também na nota publicada nesta quarta, a organização do evento afirma que 79 países já garantiram hospedagem para a conferência, e outros 70 estão em fase de negociação -o grupo completo da UNFCCC contempla quase 200 nações.
“Em todos os continentes que visitamos, conseguimos explicar a importância e a razão pela qual o presidente Lula escolheu Belém como sede da COP30. Recebemos feedback muito positivo de todos os países, e gostaria de agradecer pela compreensão e apoio, especialmente considerando o momento geopolítico complexo e o simbolismo da Amazônia”, disse a CEO da conferência, Ana Toni.
Ainda segundo a nota, plataformas de como Hotels e Airbnb acataram pedidos da Defensoria Pública do Pará, Ministério Público, Procon, e passaram a bloquear anúncios de aluguel por preços considerados abusivos.
O alto preço de hospedagem em Belém criou uma crise que chegou a contaminar os ambientes de negociação climática da ONU.
Como revelou a Folha de S.Paulo, no final de julho, dezenas de países assinaram uma carta pressionando a UNFCCC e o governo Lula (PT) a realocar pelo menos parte da conferência.
A organização do evento sempre negou essa possibilidade, e o Brasil, em resposta, passou a apoiar o pleito dos países em desenvolvimento pelo aumento no auxílio dado pela ONU.
O governo brasileiro criou uma força-tarefa para encontrar hospedagens que servissem a cada uma das delegações que ainda não tinham lugar para ficar.
Uma das apostas são os dois navios cruzeiros contratados para ficarem atracados próximos a Belém durante o evento, e nos quais foram oferecidas 800 cabines por até US$ 200 (R$ 1.060) por dia para os países menos desenvolvidos.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, fora deste valor especial, porém, a hospedagem nesses navios durante a conferência é 9 vezes mais cara do que uma travessia para o Mar Mediterrâneo, na Europa, ou 4, em comparação com o custo do pacote de ano novo das companhias.