BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – Entre pilhas de lascas de madeira, no interior de Sarandi, norte do Rio Grande do Sul, Kauane Padilha aprendeu cedo o valor do esforço. Aos 17 anos, a jovem divide os dias entre ajudar os pais como lenhadora atividade fundamental para aquecer lareiras durante o rigoroso inverno gaúcho e o sonho de se firmar no atletismo.
O resultado dessa rotina de superação veio em Brasília: a conquista inédita do ouro no arremesso de peso nos Jogos da Juventude. “Aprendi o ofício com os meus pais, e como envolve um grande esforço físico, acho que me adaptei bem ao esporte”, explica.
O caminho até o pódio, porém, não foi nada convencional. Kauane treina em uma pista improvisada, ao lado de uma rodovia movimentada que corta o município.
As linhas que delimitam a área de arremesso são riscadas no chão, lembrando a trajetória do olímpico Darlan Romani, que também teve momentos de dificuldade na carreira.
“O Darlan é um atleta olímpico, de alto rendimento, mas que também começou de baixo e me inspirou. Me dedico muito aos treinos, independente se é em uma arena completa, ou na improvisação”, afirma Kauane.
A conquista em Brasília coroa uma temporada de ascensão. Há poucas semanas, Kauane já havia garantido a medalha de prata no Campeonato Brasileiro Sub-20.
Agora, com a confiança renovada, ela se prepara para representar o país no Sul-Americano da categoria, sonhando em transformar a força moldada no trabalho diário em uma carreira sólida no esporte.
“É uma oportunidade muito grande e importante para dar sequência à carreira. Quero seguir nesse caminho e mostrar que, mesmo com dificuldades, dá para chegar longe”, diz Kauane.